Esquecer o passado e olhar para o futuro. Este é o mote que move a diplomacia brasileira na cerimônia de coroação planejada pelo governo britânico. Um ou outro crítico, geralmente professor de História, diz que isso é se submeter aos caprichos de uma nação imperialista que, por diversas vezes, ameaçou o Brasil com sua marinha de guerra. Houve até mesmo momento em que as relações diplomáticas entre os dois países foram rompidas, aparentemente pelo espancamento de soldados ingleses na capital do Império brasileiro. Um caso de polícia que virou um atrito internacional entre Reino Unido e Brasil. Por trás estava o bloqueio britânico no Atlântico Sul aos barcos que faziam tráfico de escravos
 
A disputa pela presidência da República do Brasil nem sempre é apertada. Desta vez, o candidato apoiado pelo governo teve uma boa vantagem e nada indica que ele não vá tomar posse e governar o Brasil nos próximos 4 anos. A questão é que o candidato derrotado não se conforma com o resultado, faz campanha pelo país e acusa o vencedor de ter se aproveitado do sistema eleitoral corrupto e corroído pela fraude. 

As fábricas de armamentos ganham dinheiro exportando tudo o que podem e alimentam o chamado complexo militar-industrial. Mas não é suficiente. As nações europeias esperam uma decisão firme, que possa contar com o poderio bélico do Tio Sam e acabar com um morticínio que já dura um ano. A Casa Branca não dá sinal de que vai enviar forças militares, o secretário de estado só dá declarações evasivas e, vez por outra, reafirma a posição do governo de neutralidade. O congresso está dividido, porém, os republicanos  avançam e derrotam várias vezes os democratas, especialmente no que diz respeito à política externa americana.

A greve geral se torna um instrumento político. Em vez de juntar pessoas que buscam  melhores salários e condições de trabalho, outras categorias se juntaram. Responsabilizam o presidente da República pela situação calamitosa que vive o Brasil e, segundo os líderes do movimento, a saída é uma paralisação geral. O movimento arregimenta milhares de pessoas nas praças, e a polícia não tem condições de controlar. Jornalistas presentes nos comícios descrevem a situação como extremamente grave, 
O presidente brasileiro é recebido pelo presidente dos Estados Unidos na Casa Branca. Uma demonstração de apreço ainda que quase todos os chefes de estado que vão a Washington passem por lá. Tem sempre aquela foto tradicional em que estão sentados ao lado de uma lareira e trocam sorrisos para os jornalistas. Nos bastidores, o clima não é tão descontraído. O presidente norte-americano, apesar de pertencer ao Partido Democrata, não vê com bons olhos a onda vermelha que cobre boa parte do continente latino-americano. Além de Cuba, eterna rival, outros países avançaram para a esquerda, uns por meio de eleições democráticas; outros, via ditaduras.

O novo governo tem que enfrentar a inflação. Ela não é privilégio do Brasil. O mundo todo passa por uma crise e os preços dos produtos não param de subir. A crise provocada pela guerra na Europa, dificuldades de exportação de manufaturados e ameaças de novos conflitos encarecem  os produtos. Ninguém escapa da crise econômica e financeira global. A alta do custo de vida atinge principalmente as grandes cidades brasileiras, onde o poder de compra fica cada vez mais frágil. Há inquietação nos assalariados de maneira geral e a esperança de um aumento dos salários, principalmente do salário mínimo, é frágil. A oferta de empregos com carteira de trabalho assinada está em queda e com ela o poder aquisitivo dos salários. O governo federal procura uma estratégia para combater a inflação. O Congresso Nacional, recém-eleito, se predispõe a  aprovar um plano, desde que contemple as regiões mais pobres do país.