"O luto é um processo de angústia resultado de um vazio em nossa vida deixado pela ausência do ente querido e na pratica é a transição de preencher esse vazio encontrando um novo sentido para a própria vida. Porém, muitas vezes pode acontecer da pessoa não conseguir elaborar o luto, prejudicando sua vida e quando isso ocorre, podemos começar a pensar que pode ser um luto patológico”, alerta Dra. Jéssica Martani, médica psiquiatra.
Segundo a psiquiatra, na medicina, é designado como o transtorno do luto complexo persistente e neste caso, o diagnóstico desse tipo de transtorno é feito somente quando persistem níveis graves de resposta ao luto por, pelo menos, 12 meses após a morte, interferindo na capacidade do indivíduo de funcionar.
Neles ocorrem as seguintes características, que ocorrem com frequência quase que diária:
- saudade persistente do falecido com presença de crises de choro;
- preocupação com o falecido ou pensamentos sobre a maneira como a pessoa morreu;
- dificuldade de acreditar que o individuo faleceu;
- raiva com relação à perda;
- evitar o excesso de lembranças;
- sensação de isolamento;
- relatos de tão grande que sente que uma parte de si morreu ou foi perdida;
- dificuldade de ter prazeres e de planejar o futuro;
- acreditar que a vida não tem sentido ou propósito sem o falecido;
- relato do desejo de morrer porque sentem necessidade estar com o falecido.
A médica fala que todos esses sintomas são de alerta, e na percepção e prática clinica, ela relata que o encaminhamento para a psicoterapia deve ser feito o quanto antes para a elaboração do luto. “Caso os sintomas sejam graves a ponto de atrapalhar a funcionalidade eu já oriento inicio de intervenção médica na psiquiatria”, afirma. À medida que ocorre a elaboração do luto e o apego diminuem, e os enlutados vão se reorganizando em torno do reconhecimento de que a pessoa perdida não vai voltar, além de sedimentar a perda, a pessoa em luto também encontra formas psicológicas e simbólicas de manter muito viva a lembrança da pessoa falecida.
“O trabalho de luto possibilita que o sobrevivente redefina sua relação com a pessoa morta e forme novos laços duradouros”, finaliza Dra. Jéssica.