A psicóloga e pesquisadora Bianca Mayumi explica que o luto é o nome que se dá para o processo da elaboração de qualquer perda na vida, "ele se dá a partir do momento em que se toma consciência sobre a perda, podendo ocorrer antes, durante ou após a situação, sem tempo pré determinado. O processo de luto se dá pelo rompimento de um vínculo significativo, independente de como aconteceu, por exemplo: separação e distanciamento de pessoas ou animais queridos, morte de parentes, amigos ou até de pessoas que não tinham ligação direta, como foi o caso de comoção nacional à notícia de falecimento da cantora Marília Mendonça – o luto social", salienta a doutora.
A psicóloga Bianca também chama atenção para a diferenciação de um processo de luto e um episódio depressivo, por exemplo. "É importante explicar que o luto gera dores físicas reais e que sempre representam alguma coisa. O que a pessoa está sentindo não irá se dissipar com remédio para dor, porque o que está causando é um processo psicológico. Essa experiência perpassa a subjetividade, ou seja, é uma experiência que não possui fórmula ou bula para se seguir", explica.
"O Transtorno Depressivo se caracteriza pela presença de humor triste, vazio ou irritável que afetam a capacidade de funcionamento do indivíduo de forma persistente e pela incapacidade de antecipar felicidade ou prazer. Já o Luto se caracteriza com oscilações do humor depressivo, variando de intensidade e duração, e se relacionando com pensamentos e lembranças acerca da perda sofrida, podendo ser acompanhadas de emoções e humores positivos", explica Bianca.
Mas como identificar e tratar as dores e causas do luto... "ao somar as emoções vividas em um período de luto, em que a pessoa precisa continuar sua rotina normal, é comum que surjam sintomas. O físico do indivíduo reflete o sofrimento psíquico passado por ele. Alguns possíveis sintomas do luto são insônia, ruminação de mágoas, falta de apetite e perda de peso", complementa a psicóloga.
Ela ainda explica ainda que o processo de luto é algo bastante individual para cada pessoa e se dá de diferentes formas a partir tanto da abordagem de cada terapeuta quanto do processo de melhora de cada um. "O tempo dentro do processo não é algo mensurável, indo de acordo com a abertura dada, a relação terapeuta-cliente, o contexto particular de cada pessoa e diversas outras variáveis, e por isso torna-se impossível fornecer uma data de validade para o que a pessoa está sentindo".
A melhor maneira de identificar a causa do sofrimento e tratar é por meio do autoconhecimento e terapia, é possível perceber que está ocorrendo o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento ao luto, quando o foco do cliente passa da dor sentida para a saudade das memórias vividas e reinvestimento de energia em outras áreas da vida", conclui.
O que os neurologistas chamam atenção é que para várias doenças que são de fatores psicogênicos ou de cunho psíquico não existe um componente causador do problema. Geralmente são alterações psicológicas, seja depressão, ansiedade ou outras que acabam ocasionando sintomas físicos, sem que tenha nenhuma causa orgânica para isso.
A médica neurologista, Priscila Proveti, explica que é possível que o paciente desenvolva uma dor no braço, por exemplo, sem que exista nenhum trauma, "não tem nada de errado com o braço, mas ele sente a dor, e a dor é real. Quando a gente faz ressonância funcional nesses pacientes a gente observa que existe uma alteração em neurotransmissores, em algumas regiões específicas do cérebro. Principalmente no sistema límbico, que é o responsável pelas emoções. Então sim, o nosso psicológico pode ocasionar dores e muitos problemas no corpo que não são de cunho orgânico", explica ela.
A neurologista afirma que "as dores podem ser em qualquer região do corpo, desde dor de cabeça até dor nos braços, nas pernas, na região lombar, diarréia e até alterações cardíacas e formigamento nos membros. Existem pacientes que podem ter até perda de força e crises que simulam crises convulsivas por causa de alterações psicogênicas" exemplifica a neurologista que também atende no Hospital Anchieta de Brasília.
"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida. Saudade".
Clarice Lispector