Fátima Nóbrega conheceu Adilson no trabalho e quando o viu sabia que ele era o amor da sua vida. Formaram uma família linda, construíram uma história que despertava a admiração dos amigos, mas depois de uma doença fulminante no pâncreas, precisaram se despedir. Ao Universo de Rose Fátima conta como lidou com a morte do companheiro, as ferramentas que usou para atravessar esse período e contou se pensa em viver um novo amor. Confira a entrevista que ela deu ao Universo de Rose.
Universo de Rose: Fátima, como você conheceu seu marido?
Fátima Nóbrega – Em 1980, eu já estava trabalhando na Maringá Turismo e o Adilson, começou a trabalhar na área de computador, ficamos muito próximos, acabamos namorando, noivando e nos casamos em 1985.
UR – Lembra do que sentiu ao conhecê-lo?
FN – Sim, foi amor à primeira vista, eu não namorava com ninguém e quando ele apareceu, o meu coração disse: esse é o homem da minha vida, e assim foi. Me lembro que ele sempre me trazia um chocolate com mensagens lindas e o amor foi crescendo...
UR – Quais eram os gostos comuns e as maiores divergências entre vocês?
FN – Bem, nossos gostos eram muito parecidos... gostávamos de trabalhar, viajar, éramos responsáveis com nossas situações no dia a dia. Divergências... eu sempre fui a mais brava (risos...) e sempre reclamava mais de certas situações, o Adilson era mais maleável e companheiro, amoroso.
UR – Vocês falavam sobre a morte ou evitavam o tema?
FN – Sim, normalmente falávamos, pois sempre tínhamos velório de amigos ou parentes. Eu não gostava muito de falar sobre esse assunto, mas ele falava: “quando eu morrer, podem me enterrar, vou estar preparado”, mas eu nunca poderia imaginar que ele viesse a falecer tão cedo, por ser uma pessoa brincalhona de espírito alegre, eu sempre falava o dia que eu for prefiro ser cremada..... trocávamos esse tipo de figurinhas...
UR – O que foi mais difícil no processo de luto?
FN – Agora já se passaram 07 anos sem ele... no começo, os dois primeiros anos foram complicados, tudo lembrava ele, hoje ainda lembra, mas a dor está passando. Têm horas que eu me pego e me pergunto porque tão cedo? Ele se foi com 58 anos. O Adilson tinha uma doença no pâncreas, achávamos que iria tratar e ficar bom. Mas em dois meses os sintomas vieram fortes e ele se foi... eu e minha filha, minha família, ficamos em choque, não queríamos acreditar que ele tinha ido embora com Deus. Ainda hoje muita coisa o lembra... o mais difícil foi o começo, retirar as roupas dele para doar e ver que cada roupa e objeto lembrava uma vida com ele, muito difícil...
UR – Como você se sente por ter ficado viúva ainda nova?
FN – Como tenho muitas amigas que também perderam seus maridos, procuro conversar, uma ajuda a outra e assim o tempo vai passando, melhor não pensar muito pois a cabeça se envolve de uma maneira que podemos até ter uma depressão, não é fácil...só quem passa sabe o quanto é difícil faltar uma pessoa tão especial em nossas vidas, como sempre falo.
UR – O que te deu esperança para continuar?
FN – Minha filha e neta são minhas vidas e minha família que é muito maravilhosa, além de meu trabalho que amo em uma corretora de seguros, faz com meus dias passem rápido e vivendo um dia de cada vez...
UR – Você se sente aberta, preparada para viver um outro relacionamento?
FN – Sim, até tentei conhecer alguém, mas infelizmente nunca será igual, acredito que a cara metade da gente só aparece uma vez, foi o meu caso e do Adilson, mas vamos vivendo...
UR – Você sente apoio ou julgamento das pessoas ao seu redor quando o assunto é viver um outro relacionamento?
FN – Minha filha e neta não querem. Mas minha família e amigos sempre dizem: “você é jovem e precisa encontrar outra pessoa...”, mas no meu interior eu prefiro ficar sozinha, hoje em dia está muito difícil qualquer relacionamento, ficar sozinha, viajar, passear e trabalhar.
UR – Como você explicou a perda do pai para sua filha?
FN – Ela já estava trabalhando aos 27 anos, uma moça. Ela sentiu e sofreu muito, mas entendeu que o pai estava muito doente e que infelizmente não teria mais volta. Quem sofreu mais foi a minha neta, na época com 5 anos, não entendeu porque o avô se foi, falamos que ele virou uma estrelinha no céu.... como minha filha e minha neta moram comigo, acredito que também ajudou muito no meu luto, eu não estava sozinha e elas fazem parte de minha vida e do meu dia a dia, convivemos sempre juntas, até hoje..., mas não é fácil.
UR – Qual mensagem você deixaria para outras viúvas?
FN – Na verdade, o que posso dizer é que sempre digo: fé em Deus, todos nós temos uma passagem por aqui, cabe a nós procurar se distrair aos poucos, fazendo com que nosso coração em luto seja a cada dia amenizado a dor que sentimos, procurando ocupar a nossa mente e orar sempre pelo nosso companheiro (isso sempre faço uma missa uma oração e até uma visita ao cemitério), ajuda muito...