Hoje, 12 de março, o mundo todo comemora o Dia Mundial do Rim com a divulgação de informações e ações preventivas para as doenças renais. No Brasil, a campanha é coordenada pela Sociedade Brasileira de Nefrologia, que inicia em fevereiro a campanha “Rins Saudáveis”. Neste ano, o foco é alertar a população com relação a adoção de hábitos saudáveis, ingestão de água, mudança de estilo de vida e cuidado com as doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e obesidade.
De acordo com dados do Instituto Nacional da Saúde, quase 9% da população mundial sofrem de cálculo renal, popularmente conhecido como pedra nos rins. No Brasil, de 5% a 10% da população já teve ou pode vir a ter alguma crise, sendo que 50% dessa parcela apresenta histórico familiar. Como se não bastasse, a incidência das crises aumenta 30% no verão.
Segundo o urologista do Hospital Santa Paula, Alex Meller, o verão faz com que as pessoas transpirem mais, liberando líquido por outras vias além da urinária. Se o indivíduo não aumenta o consumo de água para repor essa perda, aumenta o risco da formação de cálculo. “Desidratação, má alimentação e fatores genéticos são as principais causas que levam à formação de cálculos. A prevenção é simples, não há necessidade de mudar toda a rotina, somente aumentar a ingestão diária de líquido, principalmente no verão, e ajustar a dieta”, explica o especialista.
O problema, que na linguagem médica é chamado de litíase renal, é identificado por um acúmulo de cristais na urina, que pode ser o ácido úrico, cálcio, cistina e, na maioria dos casos, oxalato. Os homens são os mais prejudicados: 10% dos casos acometem o sexo masculino, enquanto 7% das mulheres são vítimas da doença. De acordo com o médico, não há evidências claras da razão dessas diferenças de gênero.
Durante a crise, é comum o paciente procurar o pronto-socorro, pois dificilmente a dor pode ser controlada com analgésicos, sendo necessária a administração de medicamentos na veia. Os sintomas mais comuns são dor aguda nas costas, mas pode vir acompanhada de náusea, vômito e sangramento na urina.
O primeiro passo do diagnóstico é a realização de um exame de urina. Segundo o doutor, 90% dos casos de cólica renal se associam a sangramento microscópico na urina. A seguir, são realizados exames de imagem como ultrassonografia de rins e vias urinárias. Se necessário, o especialista pode pedir uma tomografia computadorizada.
O tratamento mais comum é a cirurgia. De acordo com o urologista, nos últimos dez anos houve um grande avanço nessa área e a ureterorrenolitotripsia flexível - uma cirurgia minimamente invasiva que trata o cálculo dentro do rim através de orifícios naturais - pode ser realizada em regime ambulatorial.
O Doutor Alex ressalta que a melhor forma de prevenir o problema é ingerir pelo menos 2 litros de líquidos por dia e fazer ajustes na dieta, como os indicados abaixo:
- Não exagerar no sal;
- Diminuir o consumo de enlatados, comidas prontas, embutidos, congelados e refrigerantes;
- Controlar a ingestão de alimentos industrializados e ricos em sódio, que facilitam ainda mais o aparecimento do cálculo renal.
- Diminuir o consumo de proteína associado a carnes, seja vermelha ou branca;
- Não abusar da ingestão de cálcio. A dose recomendada é de 1000mg/dia, equivalente a 2 a 3 porções de derivados de leite ao dia.
- Evitar o consumo exagerado de chocolates, derivados de soja, grãos, chá preto, espinafre, morango e vitamina C.
Para conhecer a campanha no mundo acesse: http://www.worldkidneyday.org/
Alex Meller é graduado em Medicina pela Unifesp, urologista do Hospital Santa Paula, especialista pela Sociedade Brasileira de Urologia e membro internacional da Associação Americana de Urologia.