“Moda e arquitetura é apenas uma questão de proporção”, já dizia Coco Chanel. Se em um primeiro momento os dois segmentos parecem estar desconectados, ao treinar o olhar para a observação das tendências é possível notar a influência entre as áreas. O vestir e o habitar são duas das necessidades mais básicas do ser humano e expressam muito da cultura e momento em que a sociedade vive.
A busca por incorporar elementos do universo da moda é uma das premissas do Studio Architetonika Nomad, que revela nos traços de seus projetos referências desse e de outros setores. “Sempre que assisto desfiles de moda, observo a volumetria das peças e a combinação de cores e formas. Após, tento traduzir isso em projetos de interiores para o mercado de luxo, onde temos maior liberdade criativa” comenta Renan Mutao, um dos sócios diretores do escritório.
Na prática, exemplos como o estilo retrô, clássico dos anos 70 e início de 80, ressurgem em estampas geométricas e paletas cromáticas mais esmaecidas – presentes tanto na moda como na arquitetura. A biofilia, grande tendência do momento, também aparece nas plantas e folhagens dentro de casa e nas estampas das roupas. No entanto, essa transição entre os segmentos deve ser feito com atenção e de forma sutil. “A indústria da moda tem uma velocidade de transformação muito mais rápida do que a da arquitetura. Pensando em criar projetos atemporais e duradouros, trazemos essas referências em elementos mais delicados e de forma menos marcante”, explica o decorador.
Além das influências estéticas, as preocupações dos segmentos são, de fato, semelhantes. Tais como: sustentabilidade, soluções que atendam às necessidades das populações dos grandes centros e urbanismo otimizado. Sendo assim, a semelhança e a inspiração entre os setores são não somente bem-vindas, como inevitáveis às mentes curiosas e atentas dos dois universos.
Fotos: Denilson Machado / Fernando Navarro / Becca McHaffie