Ela é paulista nascida em Monte Azul – SP, com a primeira formação em odontologia e começou sua carreira em 1990 como correspondente da Rede Bandeirantes na Fórmula Indy. Participou da cobertura de grandes eventos esportivos como os Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996, Sidney em 2000 e 2004 em Atenas, 2008 em Pequim e 2012 em Londres. No futebol foram 5 Copas do Mundo. 1994, nos Estados Unidos, 1998 na França, 2006 na Alemanha, 2010 na Africa do Sul e 2014 no Brasil e continua apresentadora de variedades na TV.
Siiim, ela mesma, Silvia Vinhas. Foi casada com o jornalista esportivo Luciano do Valle, segundo ela, o grande incentivador de sua carreira jornalística. “Eu era novinha, morávamos em Santos. Ele queria casar, mas o meu pai topou só se eu me formasse, mas na verdade eu sempre quis ser jornalista. Me formei dentista e casei com 21 anos com ele. Fiquei casada com Luciano 8 anos, época em que ele montou algo nos EUA, pois estava na moda, e ele me convidou para ir com ele. Aceitei, pois eu não gostava da minha área de formação, fui pra lá”, explica.
Silvia foi a primeira mulher a participar de coberturas automobilísticas e a única jornalista a registrar um momento histórico, em Phoenix, Arizona quando acompanhou as grandes vitórias de Emerson Fittipaldi nas 500 Milhas de Indianápolis. Foi a amizade com o piloto brasileiro que proporcionou um dos grandes momentos de sua carreira como repórter esportiva.
Morando em Miami - Flórida, Silvia Vinhas cobriu o Basquete NBA, onde outro grande momento merece registro. Na cobertura de um jogo entre Chicago Bulls e Miami Heat ,às vésperas de ter sua única filha Isabela, entrevistou dentro do vestiário, o super astro Michael Jordan. Ela conta que “Jordan foi muito amável, mas os outros jogadores do time não gostaram nada da ideia de ter uma grávida invadindo o espaço masculino”. Ainda em Miami, participou da cobertura do SuperBowl, futebol americano. Na época, além do esporte, ela também abastecia o jornalismo da emissora com reportagens especiais.
Silvia retornou para o Brasil em 1993. Com o projeto “Verão Vivo” ao lado de Luciano do Valle e José Luiz Datena, teve o desafio de comandar uma plateia de quase dez mil pessoas nas tardes de janeiro. Também na Band apresentou o Faixa Nobre do Esporte, e o Esporte Total. A equipe de esportes comandada por Luciano do Valle marcou época em todo o Brasil. Além de ter sido apresentadora do BandSports Golf Club, nas noites de segunda a sexta-feira, desde 2002 apresenta o Opinião Livre, programa de entrevistas diário de meia hora, no Canal Universitário. Desde 2010 comanda o Jornal Conectado, na Mega TV. Atualmente, Silvia Vinhas apresenta umPrograma inédito toda quinta as 21 hs com vários horários alternativos - às 8h, as 13h e às 21h30 no canal 11 da NET e 10 ou 187 da VIVO TV.
E foi dia desses, numa tarde de sexta-feira super gostosa no começo do ano, que batemos um papo sobre carreira, jornalismo, gastronomia e qualidade de vida. Silvia é uma mulher muito boa de prosa, conversa com um prazer incrível e você ficaria horas e horas trocando ideias e experiências com ela. Confira nossa deliciosa conversa num Café no Itaim Bibi:
Universo de Rose – Silvia, como você foi parar no jornalismo?
Silvia Vinhas – Foi numa circunstância, além de trabalhar numa loja do Luciano quando estávamos morando no Estados Unidos, que na Fórmula Indi aconteceu de uma pessoa que havia faltado para entrevistar e fui ajudar os pilotos, fiz entrevista com Emerson, convidada por ele para assistir a corrida. Após ajudar o Luciano do Valle na Itália, ele sugeriu que eu contasse o que estava acontecendo com o Emerson Fittipaldi e Airton Senna, me disse: “Silvia, já que você está aqui com os equipamentos, começa a contar o que Emerson fez”, como eu morava lá, estava fazendo um curso, foi mais fácil; comecei na prática, sempre digo que comecei de trás pra frente. Fui a primeira mulher a entrevistar, Michel Jordan, Paul Newman e outras grandes estrelas. Primeiro eu fui correspondente internacional – fiquei lá 07 anos fazendo tudo, fui fazer MBA, tive grandes oportunidades e a melhor delas foi a entrevista que fiz com Airton Senna – que já foi para 150 países. Foi um momento único da vida dele e minha quando estávamos lá.
UR – Você sempre seguiu a área de esportes?
SV – Acabou a Fórmula Indi e voltei para o Brasil fui para a bancada da Bandeirantes – são 25 anos de Band, era jornalismo puro e fiquei estigmatizada com esporte, fiquei muito no vídeo, na bancada e uma numa época saí da band, todos foram demitidos, mudou o conceito cada um foi para um lado, teve uma mudança muito grande no esporte e houve uma reformatação. Fui chamada para apresentar um canal da família e aí fui embora mas me chamaram para o Opinião Livre, um espaço do Objetivo no cnu (Canal Universitário), são do mesmo dono. Estou até hoje. Divulgo no mix, mega TV e até o ano passado na época tinha um canal que falava de política, variedades, do tempo,... com 06 edições por dia, mas continua até hoje.
UR – O que te inspira no jornalismo?
SV – A minha filha fala que eu nunca deixo de ser jornalista. Estou sentada aqui com você e de uma hora pra outra começo a te entrevistar. Sou uma pessoa extremamente curiosa. Se eu sentar ali pra comer cachorro quente na rua, passo a saber tudo da vida do vendedor. Tudo me inspira! Por onde passo, visualizo uma coluna, uma reportagem. Tanto é que no Opinião Livre, em minhas entrevistas, qualquer pessoa pode sentar ali, falamos de tudo. A vida das pessoas me inspiram, qualquer pessoa tem uma história pra contar. Começo a questionar as muitas mulheres batalhadoras - como ela venceu aquilo? Quero saber sobre as comunidades, se assisto uma entrevista na TV, começo a pensar o que a pessoa passou até chegar ali, o que sofreu, que dificuldades passou, como ela fez pra conseguir tudo, é isso que me interessa. E às vezes saio um pouco da pauta, quero olhar para o outro lado, saber o que aconteceu com a pessoa chegar até chegar ali.
UR – Você que já viajou pelo mundo, já morou lá fora, o que mais te encanta em termos de gastronomia?
SV – Aliás, eu comecei a viajar depois que casei com o Luciano aos 21 anos, até lá não saía de Santos - vivi muitos anos em Santos. Quando me casei com ele, era um gourmet admirável, além de saber cozinhar muito bem. Se viajávamos, a pergunta era: “vamos para Paris experimentar o que tem de melhor lá. Qual é o melhor restaurante?” Aí fui acostumada a conhecer grandes restaurantes, a comer muito bem. Na verdade, o que me encanta na gastronomia apesar de gostar de uma boa carne, uma picanha, uma boa massa, é a alquimia, a transformação. Eu não sei cozinhar grandes pratos, mas as grandes transformações me atraem. Tenho uma mãe que cozinha muito bem. Ela experimenta e come e vai tentar fazer sem a receita, faz e fica uma delícia, é um talento. Minha vó também era assim. A comida francesa é toda trabalhada no sabor, na beleza; a italiana é mais farta,... o que me encanta mesmo é isso, experimentar sabores. Quando peço um prato, mesmo aqui, peço algo que me surpreenda, um carppaccio de figo – como assim? Fazer algo que nunca deu certo. Você viu o que eles estão fazendo além dos pratos clássicos por aí, é uma obra de arte, misturam sabores, aromas; quero experimentar misturas além dos clássicos, misturas e aromas (risos).
UR – Você já confessou que é gulosa, faz os exercícios pra não perder a linha (risos)...
SV – Siiim, (risos). Na minha casa eu não engordo de graça, pois é sopinha, é salada. Agora, se eu saio para um restaurante, tem que ser um acontecimento, curto desde o couver, a salada, o prato principal , a sobremesa. Brinco que faço ginástica todo dia – de 1h a 2 horas, pra poder comer bem. Falei de esporte a vida toda, mas não dei pra nenhum lado. É ginástica básica, ando de bicicleta, corro, faço musculação e aí posso comer tudo que gosto sem culpa..
UR – O que não pode faltar na sua geladeira?
SV – Frutas, tenho algumas que gostamos muito; em casa não faltam coisas saudáveis mas eu sou mais de carne. Quando faço dieta com minha filha, a coisa é mais certinha. Atualmente estamos fazendo dieta, então é um arrozinho integral, uma saladinha, carne magra, frutas,... a comida é balanceada, mas o que não pode faltar é café e pipoca (risos).
UR – Nas viagens você se priva de muitas coisas?
SV – Não. Quando viajo, saio do regime e se vou a um restaurante, quero testar coisas diferentes. Venho de uma linhagem muito boa, fui mal acostumada, me casei 03 vezes e todos eles cozinhavam, tinham paixão por comida boa; tive boas empregadas, nunca precisei cozinhar. Sei fazer alguns pratos, se necessário, transformo qualquer coisa numa boa comida, tenho bom tempero. Agora, receitas, assisto na TV, amo pesquisar na internet, mas imprimo e passo para minha funcionária ou tento fazer com minha filha, uma massa, por exemplo num fim de semana. É uma delícia reunir a família na cozinha em volta da mesa, é uma tradição na minha casa.
UR – Como você concilia a vida familiar com o trabalho. Consegue separar?
SV – Na verdade eu já tive uma época muito mais difícil com horários picados, era uma rotina muito puxada. Ficava na redação até as duas, ia para um outro lugar, almoçava no trânsito, saía de lá e ia pra outro, foi uma época muito complicada. Tinha plantões e era tudo muito difícil, não ficava com minha filha, minha mãe ajudava muito. A minha filha nasceu em Miami e cresceu dentro da Bandeirantes porque sempre tive uma vida muito complicada, a minha relação com a vida pessoal no sentido de parceiros, pois a carreira vinha em primeiro lugar. Hoje já não. Se a minha vida era dedicar 12,13 horas ao trabalho, hoje descobri outros prazeres, não fico me matando desse jeito. Atualmente, a minha convivência com minha família é prazerosa, ficar em casa é um prazer. Quando você fica nesse ritmo puxado, fica massacrado, aí tiram isso de você e é como se fosse uma droga, você não sabe o que fazer. Hoje, no tempo livre você pode fazer tantas coisas, bater um papo com amiga, almoçar na sua casa, ficar na sua, ficar na varanda, tomar sol, ter um tempo livre, essas coisas que não existem mais. O jornalista não entende isso. O trabalho é prazeroso é, mas tudo é uma época. Hoje tenho qualidade de vida aliada ao trabalho que amo.
UR – Segredinho alimentar para manter o pique?
SV – Minha ginástica de manhã. Acordo cedo, tomo café e vou pra academia – é no condomínio onde moro. Lá eu acordo. A minha energia está na ginástica. Tomo café da manhã, me revigoro. Ficar sem fazer exercícios, me enfraquece, fico com preguiça, sinto dores. Então o segredo é fazer exercícios.
UR – Felicidade é...
SV – Estar em paz porque não adianta você estar em Paris, cheia do dinheiro, com bolsa de marca, com tudo que deseja e não ter paz no coração, ter angústia. Felicidade é ter paz no coração, paz na cabeça, paz pra dormir bem e isso é felicidade; assistir uma série de pijamão em pleno sábado, por exemplo, sou louca por isso; às vezes, sentar eu e minha filha assistir uma série, com um balde de pipoca é maravilhoso, é uma opção. Não tem nada a ver ficar em Paris com pessoas estranhas e que não tem nada a ver você. Estar com as pessoas em lugares maravilhosos mas não são de seu meio. Não importa o lugar, o importante é realmente estar de bem com a vida, com os amigos, com você mesmo.
UR – Quem é a Sílvia Vinhas?
SV – É uma pessoa, um fênix, ela tá sempre se levantando, está sempre recomeçando; já caiu e levantou várias vezes, está sempre levantando não importa o tamanho do tombo. Tudo que aconteceu na minha vida (e bastante), decepções, alguns tropeços nos relacionamentos, na carreira também tem muita coisa nova pra acontecer, essa força que vem de mim, de Deus, me ajuda. Às vezes se você para, é porque Deus quer desenvolver outros talentos na sua vida que tem a falta de tempo para desenvolver outras coisas para a gente. Aí Ele te para na marra, te leva à paradas forçadas e você redescobre novas coisas e, prazerosas.