Domingo, 10 Setembro 2017 01:52

De bem com a vida, o chef, apresentador e empresário Carlos Bertolazzi fala um pouco de sua trajetória e rotina

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Bertolazzi como é conhecido, tem uma rotina eletrizante, não para e está sempre focado no trabalho. Contratado do SBT, apresentou a primeira temporada - ao lado da Cris Flores, o “Fábrica de Casamentos” um grande sucesso nas noites de sábado, alcançando o segundo lugar na audiência. Anteriormente apresentou o “Hell’s Kitchen Brasil” por 3 temporadas e também o reality BBQ Brasil, ambos no SBT. Além de empresário Bertolazzi viaja pelo Brasil e exterior, como convidado  para participar de  eventos e também como palestrante; é autor do livro “iChef: Histórias e Receitas de um Chef Conectado”. Entre as gravações, é chef e proprietário do Zena Caffé, um restaurante próximo à rua Oscar Freire no bairro do Jardins São Paulo, onde é encontrado frequentemente comandando a cozinha e recebendo clientes e amigos.

Carlos Bertolazzi, 47, empresário, chef e apresentador do Sbt. Descendente de italianos é formado em Administração de Empresas. Transformou sua paixão pela gastronomia em profissão e saiu do país para trabalhar ao lado dos melhores chefs do mundo.

Ele estudou Gastronomia no Piemonte, norte da Itália. Em 2005, estagiou no Flipot, restaurante italiano com duas estrelas Michelin. Logo em seguida, trabalhou no Alto e no Falai, ambos em Nova York. Em 2007, venceu um concurso e estagiou no célebre El Bulli, do premiadíssimo Ferran Adriá – o papa da nova cozinha espanhola, mentor de uma geração inteira de chefs. De lá, foi para o Piemonte, em Alba, onde passou pelo restaurante Piazza Duomo, de Enrico Crippa, um dos melhores restaurantes do mundo pelo conceituado ranking “The World’s 50 Best Restaurants”.bertolazzioutracapa

Ao voltar para o Brasil, foi convidado por Juscelino Pereira a abrir o Zena Caffè, em 2009. O nhoque Zena, um dos pratos mais famosos do restaurante, ganhou como o melhor nhoque da cidade, pelo caderno Paladar, do Estadão, em 2013. E sua coxinha recheada com carne de pato ganhou o prêmio de melhor comida de rua da revista Prazeres da Mesa, em 2014.

Inovando o mercado de festas, inaugurou recentemente o espaço Villa Bertolazzi e cria menus especiais com valores acessíveis, para facilitar a realização dos sonhos de noivos ávidos por luxo e sofisticação. O espaço era um projeto antigo de Carlos Bertolazzi. Em parceria com Leandro Tavares, do Buffet Planeta Kids, que possui uma vasta experiência na realização de eventos, lançaram o empreendimento com esta proposta do “luxo acessível”, proporcionando aos noivos a possibilidade de realizar a festa de casamento dos sonhos.

Um dos diferenciais fica por conta dos três menus especiais criados por Bertolazzi  para atender uma demanda maior de noivos que desejam uma festa inesquecível, mas não abrem mão da economia. Lustres luxuosos, móveis modernos e sofisticados e ambiente decorado com muita elegância e extremo bom gosto, fazem do Villa Bertolazzi  o espaço perfeito para a realização de uma festa. A iluminação também é uma atração.  O espaço fica localizado na Vila Romana no Bairro da Lapa em São Paulo Capital

Como já conversei várias vezes com ele em Coletivas de Imprensa no SBT, desta vez quis fazer um resumão de sua trajetória e rotina. Como sempre, Bertolazzi é antenado e muito simpático – diferente daquele “homem bravo” do Hells Kitchen. Falamos de tudo um pouco. Confira!

Universo de Rose – Como nasceu sua paixão pela cozinha, Bertolazzi?

Carlos Bertolazzi – Minha família sempre esteve envolvida com gastronomia. Minha mãe tem um buffet, via minha avó fazendo livro de receitas. Eu acreditava que ao trabalhar em algo que gostasse, teria uma entrega de 100% e o sucesso viria naturalmente. Hoje, na minha ocupação, vejo que trabalho e lazer se misturam. Não tem um minuto que dou uma apagada, há dez anos dedicado ao meio gastronômico. Trabalhei por anos no mercado financeiro mas desde criança acompanho o envolvimento da família com a cozinha.

UR – O que foi mais difícil em sua trajetória profissional: o início como apresentador ou como chef?

CB – Como apresentador. Na primeira vez em que gravei uma receita, tinha que cozinhar e prestar atenção nas orientações da direção. Já o chef apenas cozinha e não faz outra coisa ao mesmo tempo.

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UR – Como surgiu a ideia de fazer sua famosa e premiada coxinhas de pato?

CB – Eu precisava criar um produto para a feirinha gastronômica que eu tinha sido convidado lá no Brooklyn, em Nova York. Conversando com o pessoal da organização, lembrei da coxinha. E tinha a carne de pato, que é uma das minhas carnes preferidas, talvez a que eu mais goste. Na hora de eu pensar na coxinha, não podia fazer de frango. Até que nos Estados Unidos poderia funcionar porque lá é novidade qualquer tipo de coxinha, mas aqui no Brasil não. Resolvi que o pato sendo ave, tanto quanto o frango, em usá-lo. Joguei a carne de pato dentro da coxinha, e ficou ótimo. Fiz aqui no Brasil antes, e isso rendeu uma pauta de uma revista de avião que saiu antes da feira, como dica para tripulantes que estavam indo para Nova York. E isso também chamou a atenção da produção da Ana Maria Braga, da Rede Globo, antes mesmo de eu ir para a feira em Nova York. Eles pediram para eu fazer filmes lá, e depois ir ao vivo ensinar a receita e mostrar os vídeos. Antes disso ainda, uma repórter do Jornal Nacional foi lá na feirinha gastronômica e fez uma matéria.

UR – Você comandou 03 temporadas do Hells Kitchen. Fora da TV você é bravo e duro com seus funcionários ou foi um personagem escolhido para apresentar o reality?

CB – Hoje em dia menos, pois meu restaurante já tem seis anos, os cozinheiros são acostumados a trabalhar juntos e altero o menu duas vezes por ano. No programa, a situação era nova para todos. Equipamentos, menus que  mudavam diariamente, além dos participantes estarem competindo. Isso contribui para um clima maior de tensão. Mas posso te garantir que ninguém ali se assustou com essa postura pois em uma cozinha profissional lidamos com muita pressão. A referência para o nosso programa é o Hell’s Kitchen, que tem o Gordon Ramsay como apresentador. Ele é mais agressivo. Aqui, no Brasil, acho que não funcionaria um perfil assim agressivo. As pessoas que me conhecem sabem sou tranquilo, mas tem vezes que acabo estourando na cozinha do meu restaurante. Não tenho o costume de explodir, nem de ser agressivo. Faço comentários mais ácidos, mas é natural que em alguns momentos a gente se exalte. Sou pavio curto para erros idiotas.

UR – O que são “erros idiotas” pra você?

CB – Erro idiota para mim é, por exemplo, um participante que vê a panela pegando fogo e assopra. Por que assoprar? Não é higiênico. Outro erro que acho idiota é a falta de padronização. Você tem dois pratos de risoto para servir em uma mesma mesa. Um não pode estar diferente do outro, com menos quantidade. A apresentação tem que ser padronizada.

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UR – Com a visibilidade dada no SBT, aumentou o número de clientes de seu restaurante em São Paulo?

CB – Sem dúvida. Principalmente agora nas férias muita gente vem de fora de São Paulo para pedir o gnocchi, que já era famoso, mas ganhou mais projeção ainda depois do episódio de estreia do Cozinha Sob Pressão. E também tirar foto comigo. Tenho o maior prazer nisso. Acho que faz parte retribuir todo o carinho que recebemos de quem admira nosso trabalho.

UR – A quem credita o sucesso dos novos realities de culinária na TV brasileira?

CB – Os realities de culinária já fazem sucesso há muito tempo nas TVs pagas. Acho que o público adorou a ideia, pois já está um pouco cansado das fórmulas onde os participantes não têm muita atividade, além de expor suas vidas. É um reality com conteúdo, assim como outros que exploram competições baseadas nos talentos dos participantes.

UR – Para muitos, cozinhar é um passatempo. Qual o seu hobby?

CB – Cozinhar! (risos) Trabalhe com o que ama e você nunca mais tirará férias na vida (risos).

UR – Qual o seu prato preferido? Você faz dieta, gosta de doces?

CB – Posso estar fazendo um regime ortodoxo, mas não resisto a um belo estrogonofe com batata palha. É uma comida deliciosa. Acho que, bem feito, ele é uma boa pedida para diversas ocasiões – até aniversário de criança. Sabe o que é ir em um aniversário de criança em buffet e oferecerem macarrão passado do ponto, um molho horroroso? Ai, não. O estrogonofe tem que ser bem preparado, é claro, mas acho que as chances de dar errado são menores que  as de um macarrão, por exemplo. Estrogonofe é o prato que como, repito, dou vexame (risos).  Mas tem que ser bem preparadinho. Quando o assunto é  sobremesa, não sou das sobremesas com frutas, prefiro as de chocolate.

UR – O que você costuma fazer em suas férias?

CB – Não sei o que são férias de pernas pro ar, como ir para uma ilha do Caribe e ficar sem prestar atenção em nada. Não tem jeito, minhas viagens acabam tendo escolhas voltadas ao universo gastronômico. Fui para Portugal e quis ver os azeites, fui pra Holanda e fiquei ligado nos queijos... Em setembro, programei uma ida para a Itália que aproveitaria para ficar de olho em novidades para o meu restaurante, o Zena Café, em São Paulo. É meu restaurante há sete anos, tenho uma equipe em que confio e sei que segura a onda quando estou ausente por conta das gravações e de viagens.

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UR – Existe algum prato que você nunca conseguiu realizar?

CB – Na verdade, tem um prato que não consigo comer: dobradinha. Uma vez fizeram uma excelente para mim e gostei. No dia seguinte, comi a mesma dobradinha e não gostei (risos). Descobri que não preciso gostar de algum prato para ser feliz. Todo o resto eu amo. Já comi crista-de-galo, testículo de boi, rim de coelho... (risos).

UR - O Cozinha sob Pressão reflete o que acontece em uma cozinha de verdade?

CB – Sim, mas com um nível maior de estresse, pois no programa as pessoas não se conhecem, não sabem onde os ingredientes estão guardados e competem entre si. No meu restaurante, dou broncas esporádicas, pois as pessoas trabalham juntas há muito tempo, já sabem fazer o menu.

UR – Como foi deixar a tensão dos realitys gatronômicos para se aventurar no mundo dos casamentos?

CB – Houve uma transformação.  Além das mudanças estéticas (cortei o cabelo e agora fico frequentemente sem barba), não foi tão difícil me acostumar com o novo universo. No Hell’s Kitchen, a cada fim de semana eu destruía o sonho de uma pessoa. Agora, eu realizo o desejo não de duas, mas de uma família inteira. É muito gratificante, as histórias são incríveis e inspiram a gente. Sem contar que trabalhar com a Chris (Flores) é incrível, a gente se dá super bem e também precisei me adaptar com a vida de apresentador. Antes, eu não falava diretamente para a câmera, tinha mais ação em cena por conta da cozinha. Desta vez, o programa é feito para o telespectador e eu preciso me comunicar com ele.

UR – Você declarou à revista Contigo que está Solteiro há dois anos e revela que estar mais próximo a tantas histórias românticas o inspirou. Como é isso?

CB – Agora, me sinto disposto a encontrar um grande amor, mas estou com os pés no chão. Eu gosto de namorar, acredito no amor. Sou um cara romântico, que gosta de curtir, assistir a filmes junto... É que está difícil encontrar alguém. Talvez esta minha vontade de estar junto esteja assustando as mulheres (risos). Já fui casado uma vez e sou pai de dois meninos: Enrico, 6, e Antonio, 2. A ideia de subir ao altar outra vez e passar por uma cerimônia oficial não me assusta. O Fábrica de Casamentos aumentou este desejo, mas me tornei mais exigente. Não penso em namorar por namorar, quero uma história incrível, alguém para ser parceiro, cúmplice (risos)...

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UR – Algum outro Projeto antes da próxima temporada do Fábrica de Casamentos e seus negócios?

CB –Eu estou atuando no Instituto Chefs Especiais em São Paulo. Dedico parte de meu tempo como voluntário na organização voltada à pessoas com Síndrome de Down. Eu sentia falta de aproveitar meu tempo e conhecimento para ajudar outras pessoas a se desenvolverem na gastronomia. Dar aula é algo fácil e gostoso porque é possível perceber a atenção e importância que eles dão para isso. Saio dali renovado, é indescritível. Os alunos me fazem me sentir útil e sei que estou fazendo algo bom.

Imagens: Divulgação SBT / Carlos Cianci

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Rosângela Cianci

Jornalista, repórter, palestrante, apresentadora, produtora de TV, idealizadora do site Universo de Rose. Incansável observadora do cotidiano, sou apaixonada pelo que faço. Ex-Secretária Executiva, sempre lidei com Diretoria e Presidência, mas, prestes a completar Bodas de Prata na área, resolvi desengavetar um sonho antigo: o Jornalismo. E parti pra nova luta com 40 (e uns anos), pois meu negócio é escrever e conversar sobre assuntos de A a Z...

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