Não sei se é por que crescemos vendo conto de fadas onde o “pra sempre” é eterno, onde há o “felizes para sempre” em tudo, mas nos últimos tempos tenho percebido que eu e a maioria dos meus amigos e amigas tem uma grande dificuldade de fechar ciclos.
E não se resume a relacionamentos amorosos, mas em tudo! Por que sofremos tanto em finalizar algo? Somos acomodados? Talvez… Somos iludidos? Talvez… Não reconhecemos as mudanças? Essa eu tenho quase certeza.
Nos acomodamos e nos iludimos de acreditar que tudo será para sempre e não nos atentamos às mudanças que inevitavelmente ocorrem, E QUE BOM QUE ELAS EXISTEM. Imagina só se não tivéssemos passado por tudo que passamos até hoje e tivéssemos estacionado no tempo? Quem você seria hoje se tivesse parado no tempo?
Depois que vi por essa perspectiva entendi a tal da teoria do caos, sendo o caos não uma coisa ruim, mas algo necessário… pois nos dá o equilíbrio dentro da não-linearidade da vida.
Sim, nossa vida não é uma linha reta! Gosto da ideia de vivermos ciclos que tem início e fim. No plano maior está a vida e a morte, e no plano “intermediário”, digamos, estão todas as nossas vivências.
E porque precisamos aprender a lidar com esses ciclos que se abrem e fecham inúmeras vezes na vida? Por que conseguimos sair da zona de conforto, a gente se conhece mais, sente mais e não “deixamos a vida nos levar”.
É normal sentirmos tristeza, insegurança ou medo por terminar um relacionamento, por se distanciar de uma amizade de muitos anos, por trocar de profissão, por mudar de cidade ou país, por decidir não querer mais algo na sua vida que antes fazia muito sentido. Mas, são nesses momentos que conseguimos visualizar as mudanças que ocorrem conosco e dali infinitas possibilidades de novos ciclos de abrirem.
Precisamos aprender a fechar ciclos por completo, sem buscar em novos lugares, pessoas, vícios ou trabalhos, “curas” ou receitas milagrosas para parar de sofrer, como se fossem uma substituição… isto não é fechar um ciclo, você só está estendendo ele dentro de ti. Diálogo, autoconhecimento e amor próprio são os nossos aprendizados diante desses momentos, sempre serão.
Fechem ciclos, conversem com quem precisam conversar, mesmo que for aquela pessoa de anos atrás que você sente que precisa falar algo, ressignifiquem os sentimentos… Sente saudades do seu antigo trabalho? Marque um encontro com as pessoas, veja se não é apenas apego ou ego de não estar mais naquele lugar.
Deixar escondido essas questões, sentimentos, traumas, nostalgias dentro de nós é como se fosse um monte de luz acesa que só está gastando energia onde não deve e que acaba faltando onde é necessário; ou então uma anestesia que não nos faz enxergar pra frente.
Pensamentos como “não vou conseguir me apaixonar de novo, é isto”, “não quero mais falar sobre isso”, “já passou, nem lembro”, “que bom que sai de lá, era tudo péssimo mesmo” são provas de que não fechamos estes ciclos, não há paz nesses pensamentos.
Precisamos desligar essas luzes, absorver o que for necessário destes encerramentos e nos abrir para novas experiências, novas de verdade.
@pastorapatriciasalgado
Esposa, mãe, pastora e advogada em formação