Rosinalva Galvão tinha 58 anos quando seu companheiro de vida faleceu. A morte era um tema presente na vida dela, já que tirava o ganha pão como agente funerária. Ainda assim, não esperava perder o marido um ano e meio depois de perder a mãe. "O coração dele tinha crescido e só um transplante resolveria", ela conta. Não deu tempo. Em setembro de 2017, Luiz Antônio galvão perdeu a luta.
Em entrevista ao Universo de Rose, Rosinalva conta como lidou com a morte do companheiro, o que a ajudou nesse processo e respondeu como enxerga a possibilidade de viver um novo amor.
Universo de Rose – Nalva, como você conheceu seu marido?
Rosinalva Galvão – Conheci meu esposo, quando ainda era adolescente. Meu cunhado nos apresentou, mas no momento não senti nada. Quando ele tinha 20 anos e eu 17 namoramos. Passamos 28 anos sem nos encontrar. Então, em outubro de 2006, quando ele estava separado, começamos a namorar.
UR – Lembra do que sentiu ao conhecê-lo?
RG – A princípio achei ele engraçado.
UR – Quais os gostos mais comuns, as maiores divergências entre vocês?
RG – Gostávamos de ficar em casa e comer bem. não sou muito de cozinhar, mas nos 10 anos de casados, nunca morremos de fome (risos). E como eu trabalhava dia sim, dia não, geralmente na quarta-feira, ele conduzia clientes para o aeroporto de João Pessoa, e eu ia com ele nas folgas, na última vez ele errou a data achando que era sábado, mas era no domingo, aí tomamos água de coco, compramos muito abacaxi, a gente relaxou... foi nossa última vez juntos..
UR – Vocês falavam sobre morte ou evitavam o tema?
RG - Falávamos até porque eu trabalhava no segmento funerário e amava o que eu fazia, hoje estou aposentada.
UR - Como foram os dias que antecederam a morte?
RG - Meu esposo ficou três meses no Hospital do Coração. Eu trabalhava doze horas e folgava 36. Saía de lá e ia direto para o hospital, emendava tudo. Eu parecia um palito vestido, magra, sofrida, e assim foi.
UR – O que foi mais difícil no processo de luto?
RG – A adaptação sem ele. A minha cabeça era como se fosse vazia, algo tão estranho, tão louco.
UR – O que te dá esperança para continuar?
RG – Minha esperança é sempre o cuidado de Deus, por não me deixar fracassar e seguir em frente confiante.
UR – Quais ferramentas têm te ajudado?
RG – Sigo tendo bons relacionamentos com amigos e familiares. Depois que o meu marido se foi, fiz terapia, fui pra psicólogo, ainda tomo medicação que o psiquiatra passou, agora em janeiro ele vai começar a me "desmamar", agora me sinto bem, bem melhor. Eu morava na capital, em Natal, e fui para uma cidade do interior, na casa de minha irmã. Estou aqui com minha família, estou me recuperando bem. Me sinto bem fazendo as coisas na igreja, ajudo o meu sobrinho que é pastor, numa igreja pequena, um povoado de Macaíba, estou sempre me infiltrando nas coisas. Estou tentando aprender artesanato. Vida que segue.
UR – Você se sente aberta e preparada para viver outro relacionamento?
RG – Sim, após 5 anos já me me sinto em condição de viver uma nova história. Já falei pra Deus que se ele tiver outro presente pra mim, eu quero. É muito ruim ficar só, Deus sabe disso, ele nos entende perfeitamente, a saudade é grande, mas com o passar do tempo a dor vai amenizando. Vidas de viúvas, vidas de viúvas que seguem.
UR – Você sente apoio ou julgamento das pessoas ao seu redor quando o assunto é viver uma nova história de amor?
RG – Sinto apoio da família, da Igreja que frequento e também dos amigos.
UR – Como você lida com seu luto hoje, após alguns anos?
RG – Eu lido da melhor forma, pois sabemos que falecer faz parte da vida. Sempre iremos passar por esse ciclo da vida.
UR – Qual mensagem você deixaria para outras viúvas?
RG – Que sigam com a certeza que viveram muito bem sua história com seu amado, que descansou, e que sejam felizes.