As cenas das cidades destruídas horrorizam o mundo. A guerra não tem limites. A artilharia não escolhe os locais de ataque. Hospitais, escolas, prédios públicos e moradias são atingidas com inúmeras mortes. Populações fogem da guerra. São milhões de refugiados que não têm muitas alternativas uma vez que os beligerantes não respeitam os corredores humanitários e muita gente morre na tentativa de chegar a algum lugar que possam sobreviver. É uma guerra de ódio dizem os pacifistas. Os jornais estão engajados em incentivar o nacionalismo radical que beira a uma campanha de jogar um país contra o outro e por isso é rotulada de imprensa marrom, ou seja não tem isenção nem neutralidade para divulgar notícias. A guerra também se dá nas narrativas e na censura imposta pelos governos aos veículos alternativos. Críticas aos militares e governantes podem render processos sumários sob a acusação de traição à pátria. A pior pecha é ser chamado de quinta coluna, um eufemismo para classificar os que que agem atrás das linhas de combate para sabotar o exército nacional. As partes envolvidas no conflito se acusam mutuamente de não respeitar a Convenção de Genebra e ameaçam processar os líderes por crimes de guerra.
A Europa está em guerra. Os avanços tecnológicos fazem as armas cada vez mais eficientes, ou melhor mortíferas ou destruidoras de cidades. Mortos e feridos se acumulam em hospitais que são bombardeados sob o pretexto que escondem efetivos militares. Não escapam escolas, maternidades, prédios históricos e tudo o que o inimigo acredita que pode abater a moral dos combatentes. Jovens são alistados compulsoriamente, e muitas vezes, sem treinamento são mandados para o front e servem como bucha de canhão. Não sabem por que nem contra quem lutam. Apena obedecem ordens e marcham nos batalhões de infantaria ou nas filas dos tanques e carros blindados. Há uma ameaça consistente que o conflito pode extravasar do continente europeu para outros lugares do mundo. Não há mais segurança nem nas rotas terrestres nem nas marítimas. Os refugiados não sabem para onde correr. Os corredores humanitários são constantemente atacados e colunas de civis são massacradas. O uso da aviação, que despeja bombas nas cidades, se torna mais um horror a ser enfrentado. Nunca se viu tanta gente morrer em tão pouco tempo. Alguns chamam a guerra de Armagedon.
O imperialismo é a mola que aciona a eclosão da guerra. O império russo defende a política do pan eslavismo, ou seja os países de língua eslava, como o russo, é a licença para que povos dessa tradição e cultura sejam abrigados sob o mesmo Estado. Os impérios alemão, turco otomano, austro húngaro e as democracias inglesa e francesa formam o núcleo do conflito. A ação dos submarinos alemães no Atlântico e a propaganda interna levam os Estados Unidos a entrar na guerra em 1917. A derrota do czar favorece a revolução bolchevique que depõe a jovem e frágil república proclamada pela oposição ao regime. O poder está nas mãos de Lênin que assina uma paz em separada com o império alemão com o objetivo de consolidar o novo regime comunista instalado. No front ocidental graças ao apoio americano de armas e soldados os aliados derrotam o II Reich que propõe um cessar fogo unilateral. Parte dos militares alemães não se conformam com a indecisão do kaiser Guilherme II. Avaliam que o cessar fogo é uma traição e que o país tem condições de continuar lutando. Nasce uma polêmica que vai ser aproveitada pelos partidos ultra nacionalistas no pós I Guerra Mundial, entre eles o partido nazista. O cessar fogo põe fim ao morticínio e ao mesmo tempo espalha as sementes para um novo conflito que estoura 1 anos depois com a invasão da Polônia.