O momento é de revisão de velhos conceitos. Não se aceita mais a quantidade de estátuas espalhadas por todo lado. É preciso fazer uma revisão sobre quem são os homenageados e qual o papel que exerceram durante a sua vida. Boa parte deles é desconhecida do grande público que venera as estátuas por tradição. Afinal se estão erguidas em espaços externos e internos devem ter alguma importância na vida das pessoas. Não faltam flores, ornamentos de toda ordem, velas, incenso, enfim alguma coisa que possa reverenciar o personagem retratado em bronze, pedra ou mesmo em figuras pintadas nas paredes. Merecem ser reverenciados, lembrados, exaltados e suas glórias e histórias contadas às gerações futuras para que não sejam esquecidos. Afinal, quer queiram, ou não ninguém esquece o dia dedicado ao homenageado. Está até no calendário oficial.
Por motivos políticos nasce um movimento contra as estátuas. Elas, segundo os novos pensadores, não devem ser cultuadas, mas destruídas. O movimento é uma demonstração que elas não servem para nada, não são capazes de mudar a vida das pessoas, exaltam figuras que não merecem ser lembradas. Além disso, os homenageados ganham representação de verdadeiros santos e santas, longe da realidade que viveram ou dos atos que praticaram. Não se pode esquecer o que fizeram e como são responsáveis pelas divergências políticas que pululam no mundo. Especialmente na Europa, onde o homenageado de uma região não é reconhecido pela outra, quando não é o causador de debates e até mesmo de confrontos armados com morres. Destruir, queimar, conspurcar uma estátua é motivo para revoltas populares dos que defendem que continuem expostas em seus locais de origem. O fato é que a situação evolui para uma ameaça de verdadeira guerra civil em torno da destruição de algumas verdadeiras obras de arte. Isso não é relevante para os destruidores, conhecidos pela palavra grega de iconoclastas.
O governo tem que intervir de forma decisiva para estabelecer uma regra para todo o país. Ou se destrói ou se preserva o patrimônio histórico. A lei imposta pelo poder proíbe a iconolatria, ou idolatria. Ela desvia a atenção das pessoas e cria facções religiosas conflitantes. Os ícones são, eles próprios, fontes de um poder mágico, que os governantes não querem reconhecer. São capazes de até mesmo curar uma pessoa. Bastava tocar na estátua, ou mesmo raspar parte dela e ingerir como remédio para doenças consideradas incuráveis. O governo não esperou uma conclusão das discussões de caráter religioso, nem que os ícones eram contrários à religião cristã. Afinal as outras duas religiões monoteístas do oriente, judaísmo e islamismo, não admitem ídolos, imagens, pinturas ou qualquer outra representação. O imperador de Bizâncio, Constantino V, lança uma campanha violenta contra os ícones e quem se opuser à destruição das imagens é preso ou morto nos confrontos com o exército. Pouco sobra das obras da arte bizantina do século 8, diante da violência dos martelos, machados, talhadeiras e raspadores de paredes. Sinal dos tempos. Porém nada impede que passada a fúria iconoclasta, novas estátuas, imagens e mosaicos sejam construídos e salvam a civilização de Bizâncio.