Cinema ao ar livre, clássicos brasileiros restaurados e sessões gratuitas em realidade virtual enriquecem a 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e aguçam a curiosidade dos cinéfilos
Por Michele Roza
A pouco menos de uma semana do fim da 42ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, a cidade ganha um presente que poderá desfrutar gratuitamente e ao ar livre: a exibição da cópia restaurada do filme “A CAIXA DE PANDORA”, Die Büchse der Pandora, 1928), de Georg Wilhelm Pabst, cedida pela Praesens-Film AG & Deutsche Kinemathek.
A projeção acontece no sábado, dia 27 de outubro, às 19h30, na área externa do Auditório Ibirapuera - Oscar Niemeyer. Como habitual a cada ano, centenas de pessoas se reúnem como se estivessem em um piquenique (levando vinhos, sucos, petiscos e sentados em toalhas, cangas ou cadeiras de praia) para assistirem a um clássico mudo da cinematografia internacional.
A trilha sonora do filme “A Caixa de Pandora” foi criada pelo compositor alemão Peer Raben em 1997 e, nesta apresentação do filme, será executada ao vivo pela Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo, criada em 1989 com o intuito de resgatar as tradições das orquestras de rádio e televisão que fizeram sucesso entre as décadas de 1930 e 1970.
SINOPSE: No filme que consagrou Louise Brooks no cinema, a atriz interpreta a jovem dançarina Lulu, que se envolve com o dr. Schön, um rico dono de jornal. Ele está de casamento marcado, mas sua noiva, ao flagrá-lo com a amante, rompe o compromisso. Assim, o homem resolve se casar com Lulu. Depois de uma cena de ciúme, o marido tenta matá-la, mas Lulu escapa e, em legítima defesa, é ela quem o mata. Acusada de assassinato, a garota foge com Alwa, o filho da vítima e também apaixonado por ela. Os dois se envolvem num jogo de sedução, fugas e exploração sexual.
CLÁSSICOS RESTAURADOS DO CINEMA BRASILEIRO
No mesmo dia (27 de outubro), às 21h30, no Cinesesc, a cópia restaurada de “PIXOTE - A LEI DO MAIS FRACO”, de Hector Babenco, ganha sessão especial. A exibição é precedida pelo curta documental “Conversa com Ele”, de Bárbara Paz, que retrata um diálogo entre Babenco e Drauzio Varella – médico e escritor que recebe o Prêmio Humanidade da Mostra antes das projeções.
SINOPSE: Pixote, de 1981, retrata quatro meninos que vivem a dura realidade do menor carente em um reformatório paulista. Revoltados com as injustiças dos administradores da instituição, os garotos fogem e passam a conviver com uma prostituta, envolvendo-se com traficantes de drogas e trapaceiros.
Outro clássico da filmografia nacional que recebe homenagem é “O BANDIDO DA LUZ VERMELHA”, de Rogério Sganzerla, que há cinco décadas estreava no País. A sessão da cópia restaurada acontece no domingo, dia 28 de outubro, às 20h10, na Cinemateca Brasileira.
SINOPSE: O filme, de 1968, tem como ponto de partida um caso verídico de repercussão à época. O criminoso que ganhou o apelido porque invadia casas durante a noite usando uma lanterna vermelha. A degradada região conhecida como Boca do Lixo, no centro de São Paulo, é o pano de fundo para a narrativa. Nesse contexto, o longa apresenta a trajetória do foragido da polícia em crise de identidade e da sedutora Janete Jane, com quem ele tem um caso.
Mais um filme brasileiro que recebe sessão especial é “FELIZ ANO VELHO”, de Roberto Gervitz. Protagonizado por Marcos Breda e Malu Mader, o filme de 1987 teve restauro e masterização de imagem e trilha sonora. Haverá um debate após a exibição realizada no dia 29 de outubro, na Cinemateca Brasileira, às 19h.
SINOPSE: Na trama, Mario, 17, mergulha em um lago, bate a cabeça e fica tetraplégico. A paralisia física o coloca diante de sua imobilidade existencial. Seu medo de seguir o mergulha no passado de adolescente dos anos 1970 — auge da ditadura militar. Abandonado pelo próprio corpo, ele recompõe os cacos do que viveu e dá adeus à adolescência. Baseado no livro homônimo e autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva.
Dia 30 de outubro, na véspera do encerramento da 42ª edição da Mostra, duas décadas do filme “CENTRAL DO BRASIL”, do diretor Walter Salles, serão comemoradas em exibição especial, no Espaço Itaú de Cinema – Augusta, às 21h. A projeção da cópia restaurada, ainda inédita no País, terá a participação do diretor e dos protagonistas, Fernanda Montenegro e Vinicius de Oliveira.
SINOPSE: Na trama, Dora é uma ex-professora que escreve cartas para os analfabetos na estação de trens Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Ela cobra uma pequena quantia de todos, mas nem sempre envia as mensagens – muitas não saem de sua gaveta. No meio dessas cartas cheias de esperanças e projetos, está a de Ana, que planeja reencontrar o pai de seu filho Josué. A inesperada morte dessa mãe sela o encontro da ex-professora e do menino, que terão seus destinos entrelaçados numa viagem por um Brasil simples e duro, onde o prêmio é a redescoberta da própria humanidade de Dora.
REALIDADE VIRTUAL
Até o último dia da 42ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, uma programação toda em realidade virtual (VR, do inglês virtual reality) será exibida gratuitamente no Cinesesc. Seguindo uma tendência da edição passada, a Mostra volta a fazer um panorama da mais recente produção com o uso desta tecnologia.
Além da instalação Chalkroom, da artista multimídia Laurie Anderson, que assina a arte do pôster e da vinheta do evento, e que inaugura o anexo do Cinesesc, outros três espaços contam com a programação de 21 curtas – grande parte deles premiados em festivais estrangeiros e alguns que terão sua primeira exibição mundial.
São 8 documentários, 5 animações e 8 curtas de ficção que compõem essa lista. Entre eles está o francês “A Ilha dos Mortos”, de Benjamin Nuel, premiado com o Leão de Ouro no Festival de Veneza 2018 pelo uso da técnica. O filme retrata uma viagem atemporal pela vida, que começa em um apartamento até o nosso destino final, guiada por Caronte, figura da mitologia grega e barqueiro do mundo inferior. Os curtas exploram universos distintos, como a organização interna de uma ocupação paulista na estreia do filme de Tadeu Jungle, Ocupação Mauá, ou a história de um monstro e um herói japonês em Ultraman Zero VR, de Kiyotaka Taguchi.
SERVIÇO
Cinesesc - Auditório
Até 31/10 - das 14h30 às 21h30 (de hora em hora)
* Gratuito mediante retirada de ingresso na bilheteria - 1h30 de antecedência para Credencial Plena Sesc e 1 hora de antecedência para os demais
* A entrada se dará em grupos com até 7 pessoas
* Cada espectador poderá ver um filme por retirada de ingresso
* Será necessário apresentar documento com foto
NOVO APLICATIVO DA MOSTRA DE CINEMA
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