Endocrinologista explica porque a perda rápida de peso pode prejudicar a saúde e até fazer com que a pessoa engorde mais após o fim da dieta
Você olha no calendário e vê que a data “daquela” festa está chegando. Escolhe a roupa mais bonita e, na hora de prová-la, descobre que ela não fecha ou nem mesmo entra. O que fazer? Muitas pessoas acham que a saída é fazer uma daquelas dietas radicais, que prometem perda rápida de peso. Essa também é, geralmente, a escolha de quem exagerou no fim de semana ou nas férias. E ainda há quem opte por esta “solução” sempre que a balança avisa que o peso aumentou.
“Mas nem sempre perder peso significa realmente emagrecer”, alerta a endocrinologista Andressa Heimbecher. A perda de peso pode ser decorrente da perda de gordura, de músculos ou apenas de líquidos – a temida desidratação. “Emagrecer é quando conseguimos reduzir o percentual e a quantidade de gordura no nosso organismo”, ensina Andressa.
Segundo ela, a forma mais saudável de emagrecer é fazer exercícios físicos e reeducar-se para ter, constantemente, uma alimentação saudável. Tudo com acompanhamento médico. “Infelizmente, não existe fórmula mágica. O ideal é que, ao fazer dieta, possamos perder vários quilos de gordura, mantendo a massa muscular, para então melhorar o metabolismo”, diz a especialista. De acordo com ela, o mais saudável é fazer uma avaliação individualizada para saber quanto cada pessoa pode emagrecer por período – o mais adequado gira em torno de meio a um quilo por semana.
O problema das dietas radicais, que prometem perda de peso rápida e em grande quantidade é que, muitas vezes, elas privam o organismo também de nutrientes essenciais – como vitaminas e sais minerais. A falta de substâncias como sódio, potássio, selênio, zinco, fósforo, cálcio e magnésio pode levar a problemas nos intestinos, incluindo cólicas intestinais, vômitos, diarreia e até arritmias cardíacas graves. Por isso, o nível de vitaminas deve ser monitorado frequentemente. “A perda de peso deixa de ser saudável quando a pessoa fica desnutrida”, afirma Andressa. Durante esse tipo de dieta, também, o corpo passa a usar massa muscular como fonte de energia, diminuindo essa reserva que deveria ser preservada.
Uma das dietas extremas mais populares é a dieta da proteína. Seu resultado é rápido, pois retira da alimentação seu principal componente: o carboidrato, que corresponde a até 55% de uma alimentação normal. Com a diminuição das calorias ingeridas, perde-se peso. A especialista lembra, entretanto, que com a retirada da farinha da alimentação perde-se também uma das mais importantes fontes de ácido fólico. Sem carboidratos, sentimos fadiga, mal estar e irritabilidade.
E há ainda riscos. “Dietas
em que as pessoas consomem grande quantidade de proteína sem o consumo adequado de água podem ocasionar desde a sobrecarga nos rins até mesmo convulsões em casos muito extremos”, alerta a endocrinologista. Eliminar completamente a gordura da alimentação também é ruim. “O cérebro entende que a pessoa está passando fome e lança mão de mecanismos hormonais para que a pessoa passe a comer", acrescenta.
Andressa diz que, além da intervenção do cérebro para estimular a fome, acontece uma redução do metabolismo porque também diminui o hormônio da tireóide nos tecidos, como forma do corpo poupar energia – exatamente o oposto do que se espera numa dieta.
Há ainda uma liberação excessiva de cortisol – que estimula retenção de líquidos e ganho de peso –, já que o corpo entende a dieta extrema como uma situação de estresse.
Por isso, mesmo que a roupa esteja apertada, melhor do que recorrer às dietas emergenciais é fazer um plano para emagrecer de maneira saudável e chegar ao peso ideal (e necessário). O resultado pode ser bem mais duradouro, conforme explicou a endocrinologista.
*Referências:
Andressa Heimbecher está à disposição da imprensa para falar sobre obesidade, hábitos alimentares, andropausa, diabetes, colesterol, reposição hormonal e outros temas de saúde ligados à endocrinologia.
Sobre Andressa Heimbecher:
Médica formada pela Universidade Federal do Paraná em 2004, é especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Em 2005, trabalhou na prefeitura de Curitiba (PR), no atendimento a diabéticos, quando decidiu seguir pela Endocrinologia. Fez Residência Médica em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital do Servidor Estadual de São Paulo. É médica colaboradora do Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), membro titular da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e membro ativo da Endocrine Society.