O Dia Mundial do Diabetes tem data para chamar nossa atenção: 14/11. Médico especialista detalha o diabetes de forma super completa, as grandes diferenças entre os tipos de diabetes, como a doença se desenvolve e se torna crônica, se há a possibilidade de evitar que se desenvolva e estilo de vida que vão ajudar os pacientes a se proteger dos riscos do diabetes. O Diabetes (formalmente chamado de diabetes mellitus) é uma doença crônica que afeta mais de 537 milhões de adultos no mundo. No Brasil, as estimativas mais recentes somam 16,8 milhões de pessoas com a doença, cerca de 7% da população.
Açúcar elevado no sangue pode ter efeitos imediatos, como visão embaçada, mas ele não é o grande vilão da doença que também pode causar problemas ao longo do tempo, como doenças cardíacas, cegueira e danificação dos tecidos no organismo.O diabetes se desenvolve quando o corpo apresenta dificuldade em usar o açúcar que absorvemos dos alimentos para obter energia, dessa forma o açúcar se acumula na corrente sanguínea.
O médico nutrólogo Dr. Ronan Araujo esclarece que o Diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2, são causados por problemas de produção ou uso de insulina, um hormônio que possibilita que as células usem corretamente a glicose (açúcar no sangue), para obter energia.
A principal conexão que relaciona os dois tipos de diabetes é entre o açúcar no sangue e a insulina. O que difere, são as razões pelas quais cada um acontece.Durante a digestão, os alimentos são divididos em componentes básicos. Os carboidratos são divididos em açúcares simples, principalmente glicose. A glicose é uma fonte de energia criticamente importante para as células do corpo. Para fornecer energia às células, a glicose precisa sair do sangue e entrar nas células.
"O hormônio insulina produzido pelo pâncreas e liberado na corrente sanguínea sinaliza as células do corpo para absorver glicose. Quando os níveis de glicose no sangue aumentam, como após uma refeição, o pâncreas normalmente produz mais insulina", esclarece o médico.
O diabetes tipo 1 ocorre quando algumas ou todas as células produtoras de insulina no pâncreas são destruídas e não funcionam mais. Isso deixa o paciente com pouca ou nenhuma insulina. Sem insulina, o açúcar se acumula na corrente sanguínea em vez de entrar nas células. Como resultado, o corpo não consegue usar essa glicose como energia. Ele (o diabetes tipo 1) é uma doença autoimune. Isso significa que começa quando o sistema imunológico ataca as próprias células do corpo, destruindo as células produtoras de insulina no pâncreas.
Já o diabetes tipo 2 ocorre quando as células do corpo resistem ao efeito normal da insulina, que é conduzir a glicose do sangue para o interior das células. Esta condição é chamada de resistência à insulina. Como resultado, a glicose começa a se acumular no sangue.
Em pessoas com resistência à insulina, o pâncreas "vê" o aumento do nível de glicose no sangue e responde produzindo insulina extra para manter um nível normal de açúcar no sangue. Com o tempo, a resistência à insulina do corpo piora. Em resposta, o pâncreas produz cada vez mais insulina, até ficar "exausto". Então, não consegue acompanhar a demanda por mais e mais insulina, dessa forma os níveis de glicose começam a subir.
O médico Ronan Araujo explica que "quando você digere a comida, ocorrem processos químicos em seu corpo que quebram e transformam os alimentos, principalmente carboidratos, em açúcares ou glicose. A glicose é um combustível importante para as células em todo o corpo. Mas essas células não conseguem ter acesso a essa fonte de combustível sem uma substância, produzida naturalmente pelo pâncreas, chamada insulina".
"Uma pessoa sem diabetes, o aumento de açúcar no sangue, ocorre geralmente após uma refeição e, faz com que o pâncreas libere insulina na corrente sanguínea para que a glicose possa se mover para as células do corpo e ser usada como combustível.Mas com o diabetes, esse processo para de funcionar, seja porque o pâncreas não produz insulina suficiente ou porque as células do corpo se tornam resistentes à insulina (ou ambos). Como resultado, a glicose, incapaz de entrar nas células, permanece na corrente sanguínea, circulando por todo o corpo e causando danos aos vasos sanguíneos, nervos e órgãos", salienta o Dr. Ronan Araújo.
Como diagnosticar o paciente que está com diabetes?Vários testes podem ser usados para diagnosticar o diabetes, incluindo aqueles que avaliam os níveis de açúcar em jejum, após consumir açúcar, em momentos aleatórios ou como média nos últimos meses. Se um paciente não tiver níveis normais de açúcar no sangue - especialmente se estiver apresentando sintomas - será provavelmente diagnosticado com diabetes ou pré-diabetes."Os dois sintomas mais comuns para uma identificação prévia são: urinar excessivamente e aumento da sede. Isso acontece porque os rins devem liberar a glicose extra na urina. Isso significa que os rins também precisam liberar grandes quantidades de água junto com a glicose. Expelir tanto líquido deixa você desidratado, e é por isso que você fica com tanta sede. Que caso não seja tratada, pode levar à desidratação, confusão e fraqueza extrema." destaca o médico nutrólogo.
O Dr. Ronan Araujo ainda esclarece que é uma condição muito frequentemente. Se você for diagnosticado com pré-diabetes, isso é um sinal de alerta para gerenciar seus níveis de açúcar no sangue por meio de mudanças no estilo de vida e possivelmente medicamentos para evitar que se torne crônico e se transforme em diabetes.
Uma em cada 10 pessoas diagnosticadas com pré-diabetes irá desenvolver diabetes tipo 2 nos próximos 12 meses. O risco vitalício disso acontecer é de cerca de 70%. Felizmente, no entanto, um diagnóstico de pré-diabetes não significa que você está destinado a desenvolver diabetes.
Segundo o médico, é possível não apenas evitar o desenvolvimento de diabetes, mas também reverter o pré-diabetes. A chave é combater a resistência à insulina, que está ligada à gordura corporal, especialmente ao redor da barriga. Portanto, exercícios regulares -- pelo menos 30 minutos por dia - e comer alimentos saudáveis são cruciais.
E quanto ao controle, primeiramente, evitar comer muitos carboidratos -- especialmente das variedades refinadas e processadas, isso fará com que o açúcar no sangue aumente.Legumes, feijões e grãos integrais são boas formas de carboidratos, porém consideravelmente calóricos. Comer muitas calorias faz com que seu corpo armazene a energia extra como gordura, piorando a resistência à insulina. Portanto, obtenha sua proteína de carnes magras, aves, peixes e legumes. Evite bebidas açucaradas e, em vez disso, beba muita água.
A diabetes tipo 1 não pode ser prevenida. Mas você pode prevenir o diabetes tipo 2, mesmo com histórico familiar.Se um parente próximo -- principalmente um pai ou irmão -- tem diabetes tipo 2, ou se seu teste de glicose no sangue mostra "pré-diabetes" (definido como níveis de glicose no sangue entre 100 e 125 mg/dL), você possui um maior risco para desenvolver diabetes tipo 2.
O Dr. Ronan sugere hábitos que vão ajudar a prevenir o diabetes tipo 2. Confira!
• Mantenha seu peso corporal ideal;
• Exercite-se regularmente -- como uma caminhada rápida de 30 minutos -- pelo menos cinco vezes por semana, mesmo que isso não resulte em você atingir um peso ideal o exercício regular reduz a resistência à insulina, mesmo que você não perca peso;
• Adotar hábitos de alimentação mais saudáveis;
• Consulte seu médico para indicar medicamentos que oferecem proteção adicional para pré-diabetes.
"Os sintomas do diabetes nem sempre aparecem até que a doença tenha progredido, e é por isso que é extremamente importante realizar visitas periódicas ao seu médico. Quanto mais cedo a doença for detectada, melhor será a capacidade de gerenciá-la." finaliza o Dr. Ronan Araujo.