Em 1999, na Austrália, um grupo de 30 amigos resolveu deixar o bigode crescer para chamar a atenção sobre os cuidados com a saúde do homem. Nas ruas, eles arrecadaram quantias de dinheiro que, posteriormente, foram doadas para instituições de caridade. Como em 17 de novembro já se era comemorado o Dia Mundial do Combate ao Câncer de Próstata, o mês foi escolhido para iniciar o movimento. A ideia fez com que a história fosse contada cada vez mais e, em 2004, surgiu o Movember Foundation Charity - sendo a união de Moustache (bigode em inglês) com November (novembro) para dar voz ao tema.
Durante todo o mês, o Novembro Azul traz a importância de conscientizar sobre o câncer de próstata, doença que afeta principalmente homens acima de 50 anos de idade. Como símbolo, a campanha traz o desenho do bigode, refletindo sobre a importância de dar cada vez mais atenção à saúde masculina.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o câncer de próstata é o tipo mais comum em homens, (com exceção do câncer de pele não melanoma), causando a morte de 28,6% que desenvolve neoplasias malignas. A cada 38 minutos no Brasil, um homem morre por causa da doença, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Até o final de 2022, são estimados 65.840 casos de câncer de próstatas no Brasil.
Historicamente, os homens são menos preocupados com a própria saúde do que as mulheres e, com a chegada da pandemia, esse cenário ficou ainda mais grave. A principal maneira de evitar diagnósticos tardios é a partir da detecção precoce, que deve ser feita a partir de exames regulares e preventivos, assunto que ainda é um tabu para o público masculino.
"A partir do Novembro Azul, é necessário lembrar que o tema deve ser ainda mais discutido e ampliado. Com o diagnóstico precoce, as chances de cura do câncer de próstata aumentam significativamente - podendo passar de 90% - além de permitir que o tratamento seja menos invasivo", destaca o oncologista clínico Andrey Soares, do Grupo Oncoclínicas São Paulo.
Um levantamento feito pelo Centro de Referência em Saúde do Homem do Estado de SP mostrou que não é à toa que 70% das mulheres comparecem às consultas médicas com seus parceiros, resultado de que o diagnóstico precoce e o cuidado proativo e preventivo não é comum para o público masculino.
"Ainda existe uma resistência dos homens fazerem o acompanhamento médico de prevenção. Vale lembrar que pessoas afrodescendentes ou que tenham parentes de primeiro grau com a doença, é necessário fazer os exames antes dos 45 anos. Quanto antes o diagnóstico for feito, maiores são as chances de sucesso no tratamento, fazendo com que as chances de cura chegam a 90%", finaliza o Dr. Andrey.