Uma pesquisa global, feita em conjunto pela Sodexo e a Harris Interactive, em 2022, apontou que 92% dos brasileiros entrevistados preferiam seguir em home office. E, na média geral do restante do mundo, 81% das pessoas também são favoráveis a esse regime.
Em meio à nova realidade, a consolidação do home office, impulsionada pela pandemia da Covid-19, e a retomada das atividades presenciais trouxeram novos desafios para as corporações: tornar atrativas e bem-sucedidas as rotinas no formato híbrido ou 100% no escritório, já que a maioria dos funcionários se acostumou com a comodidade de poder trabalhar de casa.
“O escritório precisa entregar aquilo que não encontramos em casa. As atividades dos usuários, por exemplo, podem inspirar a criação de espaços que potencializem a performance de determinada tarefa. A relação entre pessoas, espaços e funções deve ser valorizada. Hoje, com base em evidências científicas, conseguimos garantir a melhor experiência”, explica a arquiteta Erica Prata, diretora operacional da AKMX Arquitetura e Engenharia.
A atualidade alicerçada também no fato de que grande parte dos trabalhadores provou que é possível ser eficiente no cumprimento de suas obrigações mesmo enquanto desfruta do conforto dos seus lares, a alta gestão do mercado corporativo trava “batalha” com as suas equipes, na qual é colocada na balança, diariamente, as vantagens e as desvantagens das diferentes condições de trabalho.
No levantamento feito em 2022 pela startup Deel, da área de gestão de contratos e pagamentos internacionais, em parceria com a Momentive, empresa de soluções para líderes de negócios, apontou-se que, entre os brasileiros ouvidos, 56% aumentaram a sua produtividade ao trabalhar de casa. E, no geral, entre as 700 pessoas entrevistadas de 86 países, 91% disseram que o mesmo modelo os ajudou a romper barreiras profissionais. Com esse panorama, as empresas começaram a enxergar a necessidade de melhorar a funcionalidade e a qualidade dos seus espaços físicos, desde as áreas de trabalho até os locais de uso coletivo.
Entretanto, a melhoria da estrutura, por si só, não é suficiente para convencer o trabalhador de que a ida ao escritório é fundamental. Por isso, os líderes das empresas precisam ser transparentes sobre suas metas e propósitos, assim como explicar o valor e as razões da experiência presencial.
Brett Hautop, que ocupou durante quase dois anos a vice-presidência de departamentos de Workplace do LinkedIn, enumerou dez considerações para que o trabalho híbrido seja implementado de maneira bem-sucedida. O primeiro item desta lista é a “definição do porquê” de a empresa estar adotando esse modelo. “Para ter alguma chance de sucesso, você deve articular claramente uma posição e demonstrar uma necessidade genuína. Os funcionários estão mais experientes e conscientes do que nunca. E eles perceberão qualquer coisa que não seja sincera”, ressalta o especialista, que é sócio-fundador de uma consultoria profissional focada nos novos modelos de trabalho.
Pelo êxito deste processo também passa a capacidade das empresas de disponibilizarem uma estrutura versátil, conforme ressalta a arquiteta Erica Prata: “Espaços flexíveis e compartilháveis fazem parte deste novo cenário. Como no regime híbrido, parte da equipe trabalhará fora do escritório, não há mais necessidade de uma mesa para cada funcionário. A variedade de ambientes oferece ao usuário a autonomia de escolher onde e como executar suas atividades de forma mais eficiente, desde a estação de trabalho até o espaço de descanso. É importante que o escritório comunique a personalidade da empresa, favorecendo a conexão entre marca e empregado”, complementa.
Entre as prioridades apontadas por Hautop para implementar o trabalho híbrido ou presencial estão: “Definir valor para funcionário e organização (em relação à importância que os colaboradores têm para a companhia com as suas respectivas atribuições e esclarecer as obrigações e os propósitos da corporação), redefinir o sucesso (do trabalho presencial ao entender as razões para que seja considerado bem-sucedido), deixar de comparar a produtividade entre a casa e o escritório, além de dar aos colaboradores algo que eles não podem ter em seus lares”.
A jornada semanal de quatro dias também está ganhando força. Uma pesquisa publicada em fevereiro pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra, com a participação de 61 companhias que adotaram a jornada semanal de quatro dias de trabalho, constatou que 23 dessas corporações tiveram um aumento médio de 1,4% em suas receitas. O amplo estudo ouviu cerca de 2.900 funcionários de corporações britânicas, entre junho e dezembro de 2022.
Segundo a pesquisa, 55% dos entrevistados disseram que houve aumento de produtividade com a jornada reduzida e 62% dos participantes apontaram que passaram a cumprir as suas tarefas diárias em um ritmo mais acelerado. Os resultados também motivaram 91,8% das empresas (56 das 61 participantes) a afirmar que pretendem manter o regime semanal de quatro dias, sendo que 18 confirmaram que manterão a jornada reduzida. Apenas cinco empresas disseram que não continuarão com esse formato testado, mas duas delas informaram que diminuirão a carga horária diária dos funcionários.
Para completar, entre os diversos dados relevantes coletados estão os de que 96% dos entrevistados disseram que gostariam de seguir com a rotina de quatro dias de expediente por semana e 39% manifestaram estar menos estressados do que quando cumpriam cinco dias de trabalho por semana.
Fonte: AKMX Arquitetura e Engenharia