Embora não haja comprovação científica sobre as causas diretas da depressão pós-parto, é comum que mulheres com esse diagnóstico apresentem rotinas estressantes, quadros de ansiedade, relacionamento conjugal instável, dificuldades no relacionamento com o pai da criança, ausência de apoio familiar, gestação indesejada, quadros passados de depressão, dificuldades financeiras, entre outros.
No Brasil, cerca de 40% das mulheres desenvolvem a depressão pós-parto, segundo o Ministério da Saúde e 10% delas sofrem com o nível mais severo. Marcada por intensas mudanças corporais, hormonais e emocionais a depressão pós-parto é mais comum do que, geralmente se pensa. Considerada normal, em alguns níveis, a tristeza sofrida pela mulher após o período de gestação e parto pode ser agravada e gerar muitas consequências para a mãe e para o bebê.
A Dra. Adriana Fregonese, psicóloga e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, explica: "É considerado normal para algumas mulheres frente a esse período adaptativo, nos primeiros 10 dias, apresentarem um estado de tristeza no pós-parto, caracterizado por alterações transitórias de humor materno como choro fácil, irritabilidade, flutuações de humor, tristeza, fadiga, dificuldade de concentração, insônia, ansiedade. Os estudos mostram que esse quadro é considerado normal, promove o alívio da ansiedade após o nascimento da criança, se apresenta de forma leve e gradualmente se desfaz".
"É essencial para a saúde mental e o desenvolvimento da personalidade do bebê a vivência de uma relação inicial calorosa, íntima e contínua com a mãe. A interação é essencial para o recém-nascido, já que a mãe é a intermediadora dele com o mundo. Uma vez privada desse vínculo afetivo e cuidados amorosos, a criança sente e sofre", explica a professora.
A depressão pós-parto também tende a ser mais intensa quando há uma quebra muito grande de expectativa em relação ao bebê e ao estilo de vida que se estabelece com a maternidade. É comum que a mãe desenvolva sentimentos de fracasso na responsabilidade por um bebê e não saiba lidar com oscilação de humor em virtude desse período de adaptação.
"Muitos aspectos relacionados à depressão pós-parto ainda não estão totalmente esclarecidos cientificamente. Novos estudos são necessários para conhecermos a etiologia e as características do mal, bem como suas implicações para o desenvolvimento da criança. Vale destacar que nem todas as situações refletirão em dificuldades severas, o que justifica a ampliação do conhecimento sobre o tema", finaliza a Dra. Adriana.
Para o tratamento, é indicado acompanhamento profissional psiquiátrico e psicológico, com administração de medicamentos quando necessário, e sessões de psicoterapia.