A competição faz aflorar diversas emoções. Sentimentos de soberba, ressentimento, revolta, raiva e tantos outros se refletem em comportamentos inadequados que, além de provocarem mal estar no trabalho, também podem afetar a produtividade e o lucro da companhia. Mas afinal, é o trabalhador estressado que prejudica a empresa? Ou é a empresa que está contaminada por relacionamentos hostis? Ou são as duas coisas em conjunto?
É fato que emoções à flor da pele e pessoas altamente estressadas ajudam a agravar o estresse coletivo. É uma bola de neve que precisa ser detida. Daí a importância de identificar e solucionar questões como produtividade individual e coletiva, conflitos entre executivos e equipes e desgastes com clientes.
Para atuar de forma abrangente nas causas dos problemas, analisando todos os aspectos emocionais envolvidos, está sendo lançada a Psiquiatria Corporativa, método desenvolvido pela médica psiquiatra Raquel Heep e pelo empresário Rodrigo Bertozzi, CEO da B2L Investimentos S/A. O programa é amplo, com uma abordagem que vai além do coaching, pois também envolve a empresa em si e os ciclos repetitivos de conflitos que ameaçam o próprio negócio.
Por meio do método, foram desenvolvidas três linhas de diagnóstico: “Na primeira, vamos avaliar o funcionário, suas queixas, vida pessoal e aplicaremos testes psiquiátricos para elaborar um laudo médico. O segundo diagnóstico será o da empresa: relações interpessoais, cobranças e retorno pessoal e financeiro dado pela companhia ao funcionário. E o terceiro diagnóstico envolve os dois primeiros: a interposição empresa-funcionário; se, por exemplo, ele está mal em função da empresa ou está colaborando para adoecer a empresa. Enfim, relações mútuas que resultam em problemas para os dois lados”, explica a psiquiatra.
“Coloque uma pessoa nervosa, muito agitada ou, ao contrário, desanimada, no meio de uma equipe produtiva e meça os resultados. Sentimentos ruins afetam mais do que os bons. E as empresas teimam em não ver isso, pois julgam serem fatos desconexos entre si e não um ciclo que se repete como um contágio”, lembra a Drª Raquel.
“É um trabalho de longo prazo, não menos que doze meses. Sabemos que as doenças comportamentais precisam ser tratadas em profundidade. E o desenvolvimento da Psiquiatria Corporativa nas empresas também será assim, pois o comportamento em equipe é algo que exige mudança de postura, de valores. Não é uma ‘maquiagem’, e isso leva tempo”, enfatiza a médica.
Rodrigo Bertozzi, o outro idealizador do método, exemplifica: “Algumas empresas já perceberam que mudar de dentro para fora é o que dá resultados. Atendemos uma empresa de médio porte na qual o número de faltas e a produtividade de alguns estavam afetando a empresa. Identificamos estresse e um quadro de ansiedade grave entre alguns funcionários. Até a memória e a atenção estavam prejudicadas”, comenta o CEO da B2L.
“É ingenuidade um presidente de empresa julgar que o funcionário é inócuo a emoções nos negócios e que isso não afeta o desempenho da companhia. Somos movidos por raiva, alegrias, decepções, preocupações. O que precisamos aprender é como controlar isso, verificar o que motiva nossos comportamentos, nos aperfeiçoar e apoiar os demais membros da equipe corporativa. Não se trata de um projeto de responsabilidade do RH, psicóloga e médico do trabalho, mas sim do envolvimento da organização como um todo no estudo das emoções corporativas. É hora de tratar as emoções e ganhar em felicidade – e por que não? – em desempenho, produtividade e lucro", conclui Bertozzi.
Feliz Ano Novo!!!