Ele começou a carreira quase que por acaso, bem cedo e demonstra maturidade e segurança na profissão ao longo do caminho. O filho de um professor, violinista, amigo de vários músicos e colecionador de discos de vinil, desde os 9 anos, já tocava violão e aos 12 anos, iniciou seus estudos na Escola de Música Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, mas acabou indo para outra área, a da interpretação. Sua estréia no teatro também foi por acaso, pra substituir outro ator e o convite veio de uma vizinha que de alguma forma ele devia dar sinais de que saberia viver e interpretar personagens.
“Eu nunca tinha pensado em ser ator, mas de alguma maneira estava aberto à novas experiências. Minha vizinha sabia que eu tocava violão, que eu cantava, e isso é uma maneira de interpretar. O teatro me despertou curiosidade. A partir daí tudo foi acontecendo naturalmente”, diz ele. Sim, estou falando de Ângelo Paes Leme, que tem dado vida a personagens totalmente distintos e há muito já mostrou a sua versatilidade e qualidade artística crescendo e conquistando mais destaque a cada ano, desde 1993, quando estreou na minissérie “Contos de Verão”, em 93 e daí em diante não parou mais na TV, seja em novelas ou minisséries. Em 2006 assinou contrato com a Record TV e já viveu de bandido a mocinho, inclusive em novelas bíblicas e continua sempre supreendendo em cada papel.
Caseiro e do tipo tranquilo, o ator prefere passeios com a família a grandes badalações. Casado desde setembro de 2008 com a também atriz Anna Sophia Folch. Em outubro de 2011, se tornou pai do primeiro filho do casal, Caetano, o que caracteriza seu melhor papel, pois ser pai está além de tudo, é uma experiência divina.
Ângelo Paes Leme estreia nesta semana, na quarta fase da novela “Gênesis”. Ele viverá o jovem Terá, pai de Abraão (Vitor Novello/ Zécarlos Machado), determinado a vencer na vida em Ur do Caldeus, uma cidade repleta de oportunidades. E ele nos contou sobre as nuances de seu personagem e outras curiosidades. Confira!
Universo de Rose – Angelo, fale um pouco sobre o seu personagem em busca de um desejo atemporal e comum à humanidade...
Angelo Paes Leme – Terá é um personagem incrível. A prosperidade tem uma densidade dramática intensa. Tive diante de mim experiências bem fortes, experiências muitas vezes terríveis e dramáticas do personagem. Fiquei muito feliz de poder me entregar a isso e fazer com a maior dedicação possível.
UR – Você acha que a trajetória de Terá vai proporcionar reflexões ao público?
APL – Sim. Uma delas seria que a gente sonha com prosperidade, sucesso e esquece, às vezes, de colocar na balança o que realmente é o sucesso, o que pode significar na essência a prosperidade. E, quando não se faz isso, acaba perdendo as coisas que são as mais importantes, e até mesmo o seu próprio sentido, significado e singularidade.
UR – O personagem ficará diante de decisões complicadas, que vão impactar a relação dele com a família?
APL – Nesse caminho, Terá vai se deparar com muitas tentações relacionadas ao sucesso, como bajulações, competições, inveja e ambição desmedida. Ele acaba perdendo as coisas que parecem ser as mais simples e até podem ser, mas são as de maior valor. São aquelas que enchem o coração de harmonia e paz. Ele passa por esse momento e tantos outros, de achar que você pode controlar o destino de todos, como os filhos, e passar a não ouvir quem está ao seu lado, ouvir só a própria razão. Isso pode te aprisionar numa visão de mundo, que, ao seu ver, pode significar ampla e melhor, mas não é. Na verdade, está se resolvendo com uma visão estreita, limitada e prejudicial para os outros. Porque a partir do momento que você impõe sua visão aos outros, sem perceber o que os outros estão vendo e sentido, você vira um autoritário. Isso também tem no personagem.
UR – Como é o desafio de contar em uma novela a origem da humanidade?
APL – Estou feliz com o novo trabalho, com o investimento na superprodução “Gênesis”. São tantas histórias mostrando o ser humano nas suas contradições, tentando mostrar aqueles sentimentos que até hoje estão presentes, porque são humanos. E mostrá-los da forma mais franca e honesta possível: o amor, o desejo, a ambição, a traição, a frustração, o rancor e o ódio. A gente vê muito isso nas histórias. Estamos diante de grandes situações, momentos dramáticos na evolução da convivência do homem com ele e com os outros.
UR – O que te move na sua profissão, qual o encanto de atuar?
APL – O que me fascina é a possibilidade de compartilhar histórias que nos dizem um pouco do que somos feitos. E com isso, viver situações inusitadas que provoquem a nossa imaginação.
UR – O que é bom e o que é ruim em fazer novelas, o que pode ser cansativo neste formato?
APL – Gosto de trabalhar em novelas. Talvez o mais difícil seja conciliar uma boa história, cheia de subtramas e reviravoltas com o longo tempo de duração. Mas esse é o desafio do autor. Não deixar o espectador perder o interesse, ser capaz de surpreender continuamente. Tenho uma feliz recordação de todas as novelas que participei.
UR – Você foi protagonista de algumas obras na Record. Esse é o sonho de todo ator?
APL – Fazer bons personagens é o sonho de todo ator. Protagonistas são, na maioria das vezes, bons personagens.
Ângelo e sua esposa, a atriz Anna Sophia Folch
UR – Como você lida com o assédio dos fãs?
APL – Nunca tive problemas com isso. Sou bem tranquilo, saio pouco, não costumo ir a lugares muito cheios. Fico muito em casa quando não estou trabalhando, mas gosto de receber o carinho das pessoas, é um reconhecimento do meu trabalho.
UR – Li que você você emagreceu e definiu músculos para determinados papéis. Vale tudo por um personagem?
APL – Sim. Cada personagem é uma descoberta de novas possibilidades e desafios. O que procuro sempre é investigar os sentimentos desses personagens, sua visão de mundo. A aparência física vem a partir daí.
UR – O que você gosta de fazer fora do trabalho? Qual seu sonho de consumo?
APL – O que me dá mais prazer é passar meu tempo livre com a minha família. Reunir os amigos, ver filmes e viajar.
UR – Como você cuida da saúde?
APL – Procuro estar sempre bem, ativo e disposto para trabalhar e para poder curtir a vida. Cuido da minha alimentação e faço exercícios físicos regularmente. Isso não é nenhum segredo, mas é preciso ter disciplina.
“Gênesis” vai ao ar de segunda a sexta, às 21 horas, logo após o Jornal da Record, com exibição dos melhores momentos da semana aos sábados também às 21 horas. A novela é escrita por Camilo Pellegrini, Raphaela Castro e Stephanie Ribeiro, com direção-geral de Edgard Miranda.
Fotos – Divulação Record TV / Instagram arquivo pessoal de Ângelo Paes Leme