Ela é jornalista, formada pela ECA (Escola de Comunicações e Artes da USP) começou no jornalismo impresso, mas logo descobriu que a sua vocação estava na frente das câmeras. Foi a precursora no Brasil de programas de debates sobre o comportamento humano. Escritora, atuou como repórter e apresentadora com passagens por vários veículos de comunicação, e ficou mais de oito anos comandando seu próprio programa “Silvia Poppovic e você” – na Band, até que chegou Ana, sua filha e ela permitiu curtir a vida de casada com o médico endocrinologista Marcello Bronstein e à maternidade madura (ela deu à luz aos 45 anos, após tratamento.Ana foi gerada por meio de uma inseminação artificial e Silvia nunca escondeu isso; aliás, ela falava abertamente sobre o assunto para ajudar outras mulheres que desejavam ser mães e não conseguiam mas tinham vergonha de comentar sobre o tema).
A jornalista e apresentadora de 64 anos, distante das telinhas há quase nove anos, estava ansiosa para voltar para a TV. E voltou, 47 kilos mais magra, linda e com looks maravilhosos – à altura e claro, falante - cheia de conteúdo. Seu retorno é coroado com o matinal “Aqui na Band”, um programa com um mix de jornalismo, entretenimento e gastronomia com estreia na segunda-feira, 27 de maio. A revista eletrônica de duas horas, será apresentada ao lado do jornalistaLuís Ernesto Lacombe, ao vivo, de segunda e sexta-feira, cujo formato conta também com alguns colunistas segmentados.
E foi na Coletiva de Imprensa do novo programa “O Aqui na Band” realizada na quarta-feira, 22, que conversamos com Silvia (e alguns dos colunistas do programa). Ela relembrou os períodos fora da TV aberta e falou sobre os benefícios que o emagrecimento lhe trouxe, a melhora da saúde, maternidade, beleza, looks, sonhos, enfim seu novo estilo de vida na volta para a TV. Confira!
Universo de Rose – Silvia, você ficou longe das telinhas há quase nove anos e retorna para a TV num programa matinal em grande estilo. O que isso representa pra você?
Silvia Poppovic – É um dia de muita felicidade e alegria. Esse programa vai reunir gente que gosta do que faz e tem talento. É um desafio muito difícil porque tem muitos produtos bons nas outras emissoras. Mas a gente tem muita vontade de fazer um programa que mude a manhã das pessoas e venha para ficar. É um desafio que me faz acordar de manhã com vontade de fazer melhor. Estava sentindo falta disso. Estou muito animada e com muita vontade de fazer diferença. Este é um programa ambicioso no melhor sentido. Queremos fazer um programa que mude as manhãs das pessoas. É muito bom se reinventar sempre e fazer a nossa vida ter um novo significado e ainda mais dirigida pelo experiente Vildomar Batista.Estou muito feliz mesmo (risos).
UR – E o formato do programa é a “sua cara”...
SP – Sim! É uma delícia de programa, com informação, entretenimento, qualidade e emoções. Nós nos divertimos fazendo o programa. Eu e nossa equipe fizemos muitos pilotos, damos risadas. É gostoso, é um programa bom de ver. Só isso já é muito, é um programa que não é chato. O timing dele é bom, ele é bem cuidado, bem feito, bem embalado, bem editado e bem apresentado (risos), desculpe a falta de modéstia, mas é a verdade.
UR - Você sempre gostou de falar sobre casamento, amor, filhos, sexo, trabalho, cotidiano, enfim, comportamento, e ficou conhecida por sua espontaneidade. Você manterá esse formato agora?
SP – Sim, a minha marca sempre foi a espontaneidade. Talvez eu tenha sido uma precursora da espontaneidade na TV. Quando comecei, os homens vestiam quase que uma casaca, falavam com a voz empostada. Não existia nem a naturalidade da fala. Sempre acreditei que a espontaneidade trazia uma verdade e riqueza para as entrevistas, mas sempre fiz isso com bom senso. Por isso consegui sobreviver tantos anos na TV. Continuo tendo bom senso, sempre soube até onde posso ir, sempre tive esse limite dentro de mim.
UR – Além de falar, você gosta de influenciar e trocar experiências...
SP – (risos) Sempre têm as pessoas do contra, mas você não pode dar bola, caso contrário, você sofre. Tem pessoas que têm inveja, essa postura do contra. Mas sinto que existe uma energia para o meu lado diferente. As pessoas se sentem inspiradas comigo, por exemplo, por eu voltar a trabalhar neste momento de vida com uma coisa dificílima, que é um programa diário, de segunda à sexta, de duas horas. Não é para qualquer um. As pessoas olham para mim e pensam: "Se ela faz isso, eu também posso recomeçar a minha vida. Se ela emagreceu, eu também posso". Fico feliz de ser um exemplo para mulheres que possam estar na mesma fase, se reinventar. Nossa geração vai viver mais. E não é para viver mais dentro de casa. É para viver mais vivendo a vida lá fora, produzindo.
UR – Como foram esses anos em sua carreira, fora da TV?
SP – Fui mãe tardia e aprendi muito com a maternidade da Ana, que hoje está com 19 anos. Acompanhei meu marido também neste período que eu fiquei fora do ar, uma coisa que eu nunca tinha conseguido fazer. Vivi meu momento esposa, algo que não tinha vivido plenamente. Tive que sair do centro do palco. Foi maravilhoso. Viver vários papéis é um grande privilégio. Nem sempre dá para viver todos ao mesmo tempo. Às vezes é necessário se afastar. O importante é saber que a capacidade de retomar a sua vida é só sua. A situação política e econômica podem estar ruins, mas tudo depende da sua atitude e de como você vê a sua vida. É muito angustiante quando a vida começa a andar de lado.
UR – E nesse período fora da TV, o que você mais aprendeu?
SP – Aprendi que você pode ser tudo o que quiser na sua vida. Mas você, às vezes, não consegue ser uma boa profissional, mãe e amante ao mesmo tempo. Não cultivo a ansiedade de querer ser tudo ao mesmo tempo. Às vezes não dá. Você tem que manter a calma e focar naquilo que tem mais prioridade naquele momento. Foi o que eu fiz. Consegui ser razoavelmente boa em várias coisas que fiz (risos).
UR – Então nessa história de reinvenção, o saldo foi bom até agora...
SP – Sim. Dos 30 aos 40, me dediquei só ao profissional. Tive uma vida amorosa medíocre e profissional boa. Com 41 falei: “Não quero mais isso. Chega!”. Aí conheci o Marcelo e comecei a vida a dois. Aos 44 falei: “Sem família não brinco mais”. Fui atrás de ter a Ana. A vida é assim, você vai estabelecendo quais são os seus sonhos e vai se comprometendo com eles. Aí você consegue ser tudo o que você quer. Agora estou focada em resgatar a minha vida profissional e ver se isso vai me preencher como me preencheu em outros tempos.
UR – Além de curtir o marido, a maternidade, a casa,... o que mais você fez durante esse tempo?
SP – Não fiquei totalmente parada. Faço programa da Natura todos os meses. Faz quase dois anos. Fora isso, faço palestras. Já tive programa na Jovem Pan, estava fazendo os vídeos para o meu canal do YouTube e antes dos vídeos fiquei sem mexer com comunicação. Não fiquei parada, mas houve momentos em que não fiquei tão absorvida o quanto poderia estar. Neste período, o que mais me incomodava era não estar ganhando dinheiro. Sou de uma geração que aprendeu que independência financeira é tudo. Então sempre vivi do que eu ganhei, com as minhas economias. O importante é ganhar dinheiro porque eu gosto de viver bem, de gastar, de viajar... Quero continuar tendo a minha jaqueta bacana, sou vaidosa! (risos). Em segundo lugar, nenhum desafio que me apresentavam mexia com a minha adrenalina. Este mexeu. Isso aqui é TV aberta e não é para iniciantes. É para quem sabe fazer. Sou a pessoa certa para fazer isso, sem modéstia. Sei que vou fazer bem-feito.
UR – Você é super antenada, bem preparada, mas qual a sua maior fonte de inspiração, Silvia?SP – A minha maior fonte de inspiração é a vida, a energia entre as pessoas, o amor é um brilho no olho quando você fala que gosta de ; esse tipo de coisa é o que move a gente. Você querer mostrar para a as pessoas o que elas não sabem, é trocar com as pessoas. Eu sou uma pessoa que ama viver, sou liberta nesse sentido e não tenho problemas em recomeçar, na minha idade, aos 64 anos, voltando e assumindo um programa diário, no meu melhor e estou voltando zerada.
UR – A Silvia Poppovic sempre foi muito confiante e nunca ligou por estar acima do peso. Por que resolveu fazer a cirurgia bariátrica?
SP – Sempre fui uma gorda assumida. Me achava bonita, arrumada, nunca me larguei. A gordura não é feia. Eu não quis ser magra para ser mais bonita, quis para ter mais saúde. Sei que jovem consegue ser gorda com saúde. Mas acima dos 50 é difícil ver uma pessoa gorda com saúde. Se desse, seria maravilhoso morrer até o fim da vida comendo pizza e sorvete (risos). Demorei para fazer a bariátrica porque não tinha caído a ficha. Quando a Ana fez 18 e o meu pai 90, de repente pensei: "Eles estão ótimos, a Ana com uma idade emblemática, entrando na fase adulta, meu pai escrevendo um livro... E eu?".
UR – E você, estava em que situação?
SP – Eu estava andando de lado, para trás. Não estava conquistando nada. Eu pensava: "Vou ter que viver no mínimo 30 anos para superar o meu pai. Como sou otimista, quero mais 35. Vou até os 95!". E como eu estava, não ia envelhecer bem. Quero viver mais e bem. Com o peso que eu estava não sei se ia viver mais. Bem eu não estava vivendo. Quando você é gorda e começa a ficar mais velha, começa a ter dores. Viajava com marido e sentia dor na sola do pé, nas pernas... Fui buscar ter saúde. Fiz a cirurgia e enfrentei toda a recuperação. Essas fichas só caem se você para e consulta se está feliz ou não. Para com a sinceridade para ver se tem sonhos ainda. Quem perde os sonhos não se compromete consigo mesma. Muitas vezes, com a correria da vida e dificuldades financeiras, você para de ver o que você quer para você. Aí não faz coisas a seu favor. Está comprometida com os sonhos dos outros e não com o seu. Agora estou honrando os meus desejos (risos).
UR – E você continua muito bonita... o que tantos quilos a menos te proporcionaram além da beleza?
SP – Perdi 47 quilos. Estou igualmente confiante. Sempre fui! O que mudou foi que hoje cruzo a perna com um prazer que ninguém imagina. Dobro duas vezes. Cruzo uma vez e o pezinho ainda vai embaixo da outra. Em outros tempos, eu era tão gorducha que não dava para fazer isso. Fiz uma viagem para o Egito recentemente e subi e desci do camelo como uma menina: leve e ágil. Me deu uma jovialidade. Mas não acho que a beleza estava relacionada aos quilos a menos. No meu caso, foi mesmo uma busca pela saúde. O excesso de peso te deixa mais matrona. Me sinto portátil e mais feminina. Uso saltos altos e não fico com dor nas costas e pé. Estou dominando uma área do feminino nova. Uso uma calça justa e não marca barriga porque não tenho mais barriga. É gostoso. São coisas que não davam em outros tempos, quando usava a blusa por cima para cobrir a barriga. Hoje tenho saboneteira, nunca tive. Valorizo roupas que mostrem isso (risos). São pequenos prazeres que quem é magro não tem noção. É se apoderar de um corpo que você não conhece. O emagrecimento me dá uma movimentação enorme.
UR – E esses seus looks sen-sa-cio-nais???
SP – (risos). Então eu vou te apresentar minha figurinista, a minha stylist, a Josie Alves ela que está produzindo, tudo isso. E não é brincadeira, porque ela tem que sustentar duas horas no ar, os programas são diários e ao vivo na televisão, eu me movimento e não é fácil; você fala que eu estou mais bonita, mas estou bem mais magra, aí fica mais fácil - você vai lá e pega a jaqueta, fica bem; pega a calça de couro e cabe, tudo fica mais elegante. Não é só a roupa mas eu também estou com cabeça aberta pra me renovar nesse sentido, olha, hoje eu estou usando esta calça de couro justa. Uma das coisas que estou querendo trabalhar muito no programa é o ageless. O que é isso? É é que não tem idade pra você se vestir de um jeito ou de outro, se sentir bonita, isso para as pessoas maduras, sendo adequadas você pode estar no seu melhor a qualquer tempo o importante é você mostrar o quanto está bem.
UR – O que você mais gosta de fazer no tempo livre?
SP – Faço atividade física não porque eu goste, mas porque tenho que fazer. Hoje mais ainda porque perdi muita massa muscular quando fiquei magra. Isso é um pesadelo. Fico puxando elástico no funcional essas coisas. Ando bem também. Hoje, sou levinha, dou couro em todo mundo. Imagina uma subida com 50 quilos a menos? Saio na frente e ganho de todo mundo. Mas no tempo livre, gosto muito de ficar em casa. Sou uma boa dona de casa. Gosto de receber, fazer jantares, mesas, tenho muita louça... Amo esse universo de decoração, arquitetura e designer. Tenho uma equipe bacana com bom cozinheiro. Sei receber bem. Não recebi no programa, mas em casa tinha uma vida muito festiva.
UR – E o apetite pelas guloseimas?
SP – Ah, mudou completamente. Hoje como pouco. A cirurgia é maravilhosa e resolveu esse problema da compulsão, você não tem fome e isso é maravilhoso (risos).
UR – Quem é a apresentadora Silvia Poppovic, hoje, aos 64 anos?
SP – Sou mais doce, tolerante, resiliente e arredondada, embora tenha emagrecido (risos). Sinto que sou uma pessoa melhor hoje, e com 47 quilos a menos. Credito minha nova versão às experiências que vivenciei na carreira dentro e fora da TV aberta. Pretendo imprimir essa nova imagem em minha volta para as telinhas.
Imagens: divulgação Band / Instagram Silvia Poppovic /Carlos Cianci