A brasileira foi condutora da Tocha Olímpica em São Paulo após ganhar um concurso, foi voluntária das Olimpíadas, Paralimpíadas e da Copa do Mundo.
Ela é fascinada por novas experiências e por conhecer mais, embarcou recentemente em um caça MIG 29, na base de Sokol, na Rússia e se tornou a primeira e única mulher brasileira a chegar à Estratosfera. No dia seguinte, realizou um voo em gravidade zero. Jornalista apaixonada por turismo fala 4 idiomas, já conheceu 134 países, todos os Continentes e já planeja novos roteiros.
Dina Barile, 60 anos, é solteira, não tem filhos e adora viajar. Um exemplo de superação e determinação. Filha de imigrantes italianos que fugiram do caos pós-guerra,viveu uma infância humilde, quando dependia de boas notas escolares para conseguir bolsas de estudos para poder estudar.
Hoje, fala inglês, italiano e espanhol e cursou duas faculdades: Bacharelado em Estatística, na USP; e Ciências Atuariais, na PUC. Prestou concurso para bolsa de mestrado na USP e passou em primeiro lugar, porém, como tinha que trabalhar para seu próprio sustento e o da família, desistiu da bolsa que exigia dedicação exclusiva. Dina está sempre querendo quebrar paradigmas. Seu lema é não parar e avançar cada vez mais “Quero estar à frente do meu tempo”, diz constantemente.
Ao longo do caminho, a jornalista precisou lutar contra a falta de autoestima. “Meus pais eram muito humildes. E, com medo que eu ficasse mimada, nunca me elogiaram e nunca tomaram meu partido. Se alguém brigasse comigo ou me batesse na escola, ao invés de ir lá tomar satisfação, como as mães das minhas amigas faziam, minha mãe dizia: ‘se você apanhou é porque aprontou algo e mereceu’. Eu era sempre a primeira da classe e mesmo do colégio. Sempre tirava 10 em tudo, me matando de estudar. Se tirasse um 9,5, já não me conformava. Daí as pessoas me elogiavam para minha mãe, dizendo que eu era inteligente e ela respondia: “ela não é inteligente, ela é esforçada”. Até mesmo nos esportes eu me destaquei. Cheguei até a ganhar medalha de arremesso de peso”! Não tenho mágoas, porque sei que sempre me amaram e era a forma que achavam que era a melhor para mim.
Ela é uma sonhadora, mas não dessas pessoas que vivem em um mundo imaginário, que não passa de desejo e de pura fantasia. É que Dina também é uma realizadora, especializada justamente nisso: concretizar aquilo que sonha! E não é que ela compartilhou um pouco de suas experiências com o Universo de Rose? Conheça uma pouco mais dessa mulher encantadora que deseja ainda muito mais e inspire-se!
Universo de Rose - Em novembro de 2015, você tornou-se a primeira brasileira a viajar para a Estratosfera. Como foi isso?
Dina Barile - Para a viagem até a estratosfera, precisei ir até a Rússia. Tudo foi organizado pela empresa do astronauta brasileiro Marcos Pontes. Fui a 16.700 metros da Terra, em um caça MIG 29 que fez diversas manobras de combate e fui submetida a uma força 7G (sete vezes o peso do seu corpo).
UR – Quais os preparativos para embarcar nessa viagem, Dina?
DB – Para isso, me preparei durante seis meses com uma médica especializada em esportes radicais, tomei vitaminas, passei por vários exames e fiz academia (o que detesto). Sou a primeira brasileira a fazer essa emocionante viagem. Levei a bandeira nacional comigo.
UR – Recentemente, no ano passado você pediu votos na internet para conquistar outro sonho. Qual foi?
DB – Queria ser uma das pessoas escolhidas para carregar a Tocha Olímpica. O “concurso”, realizado pelo Comitê Olímpico Brasileiro, foi apenas entre os 50 mil voluntários já escolhidos para os Jogos. Cada voluntário que quis participar enviou um vídeo falando de suas motivações e pedindo o voto. Foi escolhido apenas um voluntário em cada estado. Consegui! Trabalhei como voluntária na Copa do Mundo de 2014 e a voluntária escolhida para conduzir a Tocha Olímpica, como a representante de São Paulo, entre todos os inscritos para trabalhar como voluntários nos Jogos Olímpicos do Rio de 2016.
UR – Eram apenas 200 metros de percurso, mesmo assim, como se preparou?
DB – Andando em casa com uma garrafa de refrigerante. Logo fazia isso em parques também, ainda que todo mundo achasse esquisito. Era um sonho a ser realizado. Sou apaixonada por esportes e levar a tocha me tornaria, de certa forma, além de voluntária, uma atleta desses jogos tão importantes. A tocha olímpica passou por 250 cidades de todos os estados brasileiros. O revezamento para levá-la começou em maio de 2016. Foram percorridos 20 mil quilômetros. Ao total, 10 mil pessoas carregaram a tocha.
UR – Seu grande sonho, paixão e realização são as suas viagens...
DB – Sim! Os números impressionam, mas não revelam tudo: 134 países já é muita coisa, mas para vários eu viajei diversas vezes. Podemos dizer que estive 400 vezes em países fora do Brasil. Durante os 30 anos em que trabalhei no banco Banespa, viajava sempre nas férias: uma vez por ano dentro do Brasil e no ano seguinte para o Exterior. Depois de aposentada, sigo viajando muito. Conheço lugares instigantes e exóticos como Butão, Índia, Madagascar, Islândia, Namíbia, Etiópia, Tailândia, Antártica e Tunísia. Amo viajar e conhecer lugares bonitos e instigantes, mas principalmente conhecer pessoas e culturas.
UR – E o que mais te motiva nessa “aventura” toda?
DB – Após aposentar-me, montei um site para divulgar e ajudar ONGs e entidades assistenciais que não tinham verba para se promover. O site cresceu e agora é um portal de variedades, onde falo de gastronomia, turismo, moda, comportamento, beleza, celebridades, entretenimento, esportes e lifestyle.
UR – Nossa heroína, se considera “Pós Doutorada em Viajologia”?
DB – Olha, já conheci 23 estados em nosso lindo País e 134 países, em todos os continentes, acumulando conhecimento através do contato direto com outras culturas. Fico até surpresa com as minhas conquistas como por exemplo: já celebrei meu aniversário na Antártida em um ano e no Polo Ártico no outro, onde fui presenteada por belíssimas Auroras Boreais.
UR – Que lugar do mundo você mais gosta?
DB – Adoro viajar e tenho paixão pelos países que conheci, mas digo que o Brasil é o país mais belo do mundo e o melhor lugar para se viver. Temos todos os atributos para ser país mais visitado do planeta e transformar o turismo na nossa maior fonte de renda, me sinto uma embaixadora voluntária do Brasil. Quero ser um agente transformador para que o Brasil atraia turistas e possamos trocar conhecimento, cultura e informações. Sou determinada em divulgar o País, incentivando todas as pessoas que conheço ao redor do mundo a vir conhecê-lo.
UR – A pergunta que não quer calar, Dina: você sabe cozinhar?
DB – Nadica de nada. Não frito nem ovo. Qdo saio pelo mundo, como o que der, o que estiver mais acessível. Mas amo quando vou para um lugar onde tem frutos do mar. Amo! Não tenho coragem de provar coisas muito exóticas, tipo recentemente na China, que tinha espetinho de escorpião, barata, larva, etc. O mais exótico que já comi foi jacaré na África e cavalo no Casaquistão.
UR – Você adora viajar, é aventureira,... e no amor prefere relações estáveis?
DB – No Brasil não tenho dado muita sorte com namorados, mas nos extremos até que me dou bem. Encontrei um namorado alemão no Alaska e ficamos juntos por quatro anos e outro namorado, inglês, na Antártida com o qual estou até hoje, desde 2011.
UR – O você que gosta de fazer em seu tempo livre?
DB – Viajar (risos). Ou surfar na internet, procurando novos destinos.
UR – O que não pode faltar em sua mala de viagem?
DB – Máquina fotográfica.
UR – Felicidade pra você é...
DB – Felicidade é ter liberdade para ir onde eu quiser, na hora que eu quiser. Já mandei uma mala pra um lugar e viajei para outro, porque mudei de ideia durante o trajeto quanto ao destino (risos).
UR – Você tem um segredinho para manter o pique?
DB – Siiim. A perspectiva de conhecer lugares novos. Posso estar acabada, cansadíssima, mas se for pra conhecer algo novo, lá vou eu (risos).
UR – Você gasta muito em suas viagens?
DB – Não costumo fazer compras, não ligo para novidades nesse sentido, só gasto com passeios.
UR – Projetos novos...
DB – Viajar para a Papua Nova Guiné, no próximo ano e também fazer um trekking para alguma montanha com Família de Gorilas - esta exige grande esforço físico (risos).
Imagens:divulgação Dina Barile