Quinta, 07 Setembro 2017 01:21

Estilista Samuel Cirnansck: sinônimo de sonhos realizados, romantismo e grandes emoções

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Samuel Cirnansck faz vestidos como poucos. Seu trabalho é ímpar. Suas criações em estamparias, bordados e moulage, desenvolvidas artesanalmente, fazem com que cada peça seja exclusiva. Interessado por gente, pelas nuances de cada personalidade, faz da criação um veículo de (re)conhecimento. Sua roupa é imagem, expressão de sentidos, vontades, desejos.

O estilista nasceu em 1975 na cidade de São Paulo, foi criado no interior paulista, voltou para a capital no começo da adolescência e aos 15 anos criava camisetas que vendia em feiras alternativas. Depois de construir o vestido de formatura da irmã e criar looks para amigos e familiares, a “brincadeira” ultrapassou a paixão e virou negócio. Hoje atende com horário marcado seu seleto público que procura roupas exclusivas para grandes ocasiões.  Participou de sete edições no Projeto Amni Hot Spot, mostrando segurança com trabalhos atemporais, explorando técnicas handmade, moulage, bordados. Feminina, a linguagem flerta com a dramaticidade, que herdou dos trabalhos de criação para teatro e ópera.

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Sua fonte de criação vem de tudo que é bom, ruim, bonito, feio, arte, arquitetura, música. O estilista sempre parte de um processo paciente e incansável de criação, desenvolvido em seu atelier-loja. “Sempre crio uma história”, explica. Após apresentar com sucesso doze coleções no São Paulo Fashion Week, o estilista se mostra cada vez mais maduro e inserido no mercado. “Toda estação eu mudo a ideia da coleção que é apresentada no São Paulo Fashion Week e tudo é criado a partir do que foi desfilado na passarela, as cores, tecidos, bordados, etc. A cliente prova um vestido no meu ateliê e fala “gostei muito desse bordado mas gosto daquela outra saia”, então eu faço um mix dessas peças escolhidas”, ressalta Samuel.

Para quem curte (e entende) moda, o desfile do Samuel Cirnansck, na SPFW, que celebrou 15 anos de sua marca, estava maravilhoso, com flores suspensas de Juracy Britto Flores sobre a passarela de Gersal Montagens; e na boca de cena, iluminadas por pequenas luzes da Showtime Pro.  O estilista levou para a passarela seu conceito de luz - forma de energia que nos permite ver o que nos rodeia que é: amor, realização pessoal, saúde, poder, bem-estar, alegria, prosperidade, fortuna, delícia, oásis, euforia e felicidade. A make, assinada por Celso Kamura, era rosada com um toque de brilho, que me remeteu à fadas. Coleção belíssima! Ao mesmo tempo leve e rica em bordados.

Na temporada de inverno 2015, Samuel Cirnansck ficou fora do line-up do SPFW, pois, nos últimos dois anos até esse ano, o estilista vem atendendo  público da França, Rússia e Polônia, e, resolveu investir pesado na internacionalização da marca. Samuel estava remodelando a empresa e preparando a produção para o processo de exportação de suas peças. Dando o start no projeto, ele foi convidado para representar o Brasil no WFW (World Fashion Week), que aconteceu na primeira semana de outubro na Maison de L’Amerique Latine, em Paris. Samuel  convidou e vestiu a modelo e apresentadora Fernanda Lima com um vestido-joia em silhueta de sereia, tomara que caia, dourado e feito de cetim de seda pesado, com barra fluída em gazar de seda no mesmo tom. O modelo, criado especialmente para a ocasião, foi bordado em canutilhos metálicos e flores com banho em ouro 18k e cravejadas com citrinos.

 E foi no jardim do Contemporâneo 8076 – um espaço de eventos moderno e versátil para noivas atuais  que procuram um lugar elegante e que permite a cenografia de todos os estilos de festas que conversamos um pouquinho. Após o desfile regado a um jantar maravilhoso - nos bastidores, ele com muita simpatia, batemos um papo  descontraí­do. E ainda rolou uns clicks com as noivas  que desfilaram (Amo!!!) e com ele.

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Universo de Rose – Samuel, como surgiu sua paixão por moda?

Samuel Cirnansck – Uma parte da minha família veio da Áustria, tenho notícias de antepassados que trabalhavam com alfaiataria, pode ser que tenha vindo no meu DNA. Eu sou um

criador. Quando não estou fazendo vestidos, estou pintando ou desenhando. Por outro lado, acho que o que me levou inicialmente foi a ousadia, o encanto, a beleza e o glamour da moda. A questão de poder se exibir, no bom sentido (risos).

UR – Em 1997 você deu início ao seu trabalho, 2001 profissionalmente e 2002 com noivas, porque noivas?

SC – No Brasil, a nossa festa mais importante é o casamento. Não temos “red carpet”, então os vestidos mais incríveis são os das noivas, mães de noivas, madrinhas, vestidos de formatura e 15 anos, que tem crescido muito no Brasil. Foi em 2002 e para mim foi uma surpresa trabalhar com tantas noivas e ter que abrir um atelier só de noivas. O vestido de noiva é o mais aguardado da mulher em um determinado momento da sua vida. A mulher começa pelo vestido do batizado, 15 anos, formatura e vem o casamento. Quando nasce a filha, começa tudo de novo, um ciclo que recomeça na vida dela. Consigo colocar os meus desejos com os desejos delas. Textura, personalidade, informação.

 UR – Qual a sua fonte de inspiração?

SC – Sempre deixar a mulher bonita. Meu estilista preferido é Christian Dior, porque carrega o DNA de “Atelier” com produção da roupa feita a mão sob medida e, por outro lado, criações, formas e conceitos que são usados até hoje.

UR – O que você prefere: passarela ou noivas?

SC – São momentos diferentes, mas que ao mesmo tempo estão ligados. Criar uma coleção para o São Paulo Fashion Week, por exemplo, não é tarefa fácil, exige muito, não só de mim como criador, mas de toda a minha empresa. São no mínimo três meses de trabalho intenso, dois turnos, etc. Antes eu parava de atender noivas para produzir as coleções para os desfiles, hoje não posso mais me dar a esse luxo, faço tudo ao mesmo tempo e quase morro de trabalhar. Encontrei uma fórmula: crio uma coleção para passarela e também crio alguns vestidos de noiva que apresento no final do desfile, tudo está ligado.

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UR – Acessórios são muito importantes na composição dos vestidos, você opina para suas clientes ou as deixa livres?

SC – Você tem razão, os acessórios são muito importantes. Eu deixo sempre as minhas clientes à vontade, porém, desde a primeira visita, as clientes percebem que sou um profissional experiente. Todas pedem opiniões,

isso caba virando uma consultoria. Aqui em SP tenho meus parceiros de joias, sapatos, profissionais que fazem buquês, enfim, acho importante estar cercado por bons profissionais e poder indicar. O mercado de casamento tem melhorado muito em todo o Brasil, fiquei muito contente com o desfile em Maringá, e pude ver bons profissionais envolvidos no evento.

UR – Quais são os meses mais procurados pelas noivas?

SC – Setembro e novembro são os meses mais procurados pelas noivas porque são datas em que o clima está bom no Brasil inteiro, não está nem muito quente e nem muito frio.samuel4

UR – E que tipos de vestidos as noivas mais procuram no seu atelier?

SC – Atendo mulheres do Brasil todo, não existe perfil de noiva que me procura, então não tem um estilo mais procurado. Sempre tem o modelo sereia, a princesa, o bolo de noiva, etc., sempre vai ter todo tipo, por conta das diferentes personalidades. Tem noiva que quer ser sexy e outras que não querem. As vezes querem renda renascença, outras rendas brasileiras. Querem um vestido exclusivo.

UR – Qual a tendência para vestidos de noiva?

SC – Hoje em dia a pessoa veste o que ela bem entende. Não existe uma tendência a ser seguida. Costumo sempre orientar para minhas clientes que elas procurem um modelo que combine com seu estilo e personalidade. A noiva pode casar de curto, longo ou sereia, o importante é seguir sua personalidade e não apenas usar o que está na moda. Se a mulher ficar bem de curto, então ela deve casar de curto. A moda passa de 6 em 6 meses mas roupa de festa não pode cair de moda.

UR –. A tecnologia tem mudado a forma de viver e vem criando novos hábitos, a moda tem passado por muitas mudanças. Como é isso para você, que vive de moda? 

SC –  O que faço é muito antigo, minha roupa tem as construções semelhantes a uma peça de 400 anos atrás. Com moulage e costura à mão, isso faz parte da minha criação, da minha identidade e, talvez, nesses tempos de alta tecnologia, isso seja um resgate e um diferencial. As pessoas veem como algo tão antigo e do passado, que se torna moderno e inovador. 

UR – Há algum segredo para uma boa roupa de festa?

SC – Acho que não só para roupa de festa mas para qualquer outro tipo de roupa, o estilista precisa entender qual é a personalidade da cliente e fazer uma peça com as características dessa pessoa e não fazer com que essa mulher pareça estar fantasiada. As brasileiras têm muito bom gosto, sabem muito bem exibir o corpo e todas são muito elegantes. Elas sabem se vestir e gostam de vestidos tipo sereia, de roupa justa que marque o peito e a cintura. Os americanos às vezes se vestem de uma forma muito exagerada para irem às festas, com muitos brilhos e estampas e eu acho que a brasileira tem uma boa noção.

UR – Qual maior desafio que ocorre no seu trabalho?

SC – Se manter no mercado e sempre atualizado. Nessa economia maluca do Brasil é um grande desafio.

UR – Qual o momento mais marcante de sua carreira?

SC – Acho que sou abençoado, sempre aparecem oportunidades para eu mostrar o meu trabalho. Em 2007, fui convidado para fazer um desfile de noivas em Paris, fiz o figurino do “Cruel” para a Cia da Dança Deborah Colker e fiz o vestido de noiva da Juliana Paes, esses trabalhos me deram projeções no mercado das artes e no mercado de noivas, não só no Brasil, mas também no exterior

UR – O que as mulheres devem evitar ao se vestirem para uma grande festa?

SC – Estampas. Estampas são para festas de veraneio. Se é uma festa na beira da piscina, de um rio, num resort ou no mato, vale a pena ir com uma estampa e usar uma roupa mais descontraída, mas numa recepção em que a festa será num salão e você será madrinha ou convidada, nunca deve-se usar estampas.

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Rosângela Cianci

Jornalista, repórter, palestrante, apresentadora, produtora de TV, idealizadora do site Universo de Rose. Incansável observadora do cotidiano, sou apaixonada pelo que faço. Ex-Secretária Executiva, sempre lidei com Diretoria e Presidência, mas, prestes a completar Bodas de Prata na área, resolvi desengavetar um sonho antigo: o Jornalismo. E parti pra nova luta com 40 (e uns anos), pois meu negócio é escrever e conversar sobre assuntos de A a Z...

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