Nascido em Montfermeil, França,Olivier Noel Christian Anquier, conhecido como Olivier Anquier, 57, é chef de cozinha, empresário, escritor e apresentador de televisão franco-brasileiro. Pai de um casal de filhos, Júlia Anquier e Hugo Anquier, frutos de seu primeiro casamento com a atriz Débora Bloch (atualmente é casado com Adriana Alves), o cozinheiro é apaixonado pela cozinha e pelo Brasil. Possui alma e cidadania brasileiras, é naturalizado há quinze anos.
Olivier Anquier sempre ressalta que gosta de cultivar a simplicidade, e é um homem de família. Embora seja um homem aventureiro, um caminhante pelo mundo, já foi considerado “o belo padeiro francês que virou apresentador do canal GNT”. Ele tem o Brasil como o ponto da virada em sua vida. O país que o encantou, desde sua primeira visita, em 1979, aos 20 anos de idade, foi o lar que ele escolheu, mais tarde, para seguir sua vocação profissional. “Eu queria passar um mês de férias e me libertar um pouco do inverno parisiense. Essa viagem acabou fincando as estacas que balizaram o caminho da minha vida e me permitiu descobrir um país e uma cultura que contrastavam com tudo que havia conhecido até então”, explica.
“Desde 1996, entre Brasil e Portugal, editei cinco livros. No primeiro, Pães de França, além de oferecer receitas de pães e sanduiches, eu contei um pouco da minha história e da minha relação profissional e familiar com o mundo da panificação”, conta o chef. Seu pai, médico de profissão, o impregnou dessa sabedoria e intimidade com o mundo da cozinha caseira. “Essa cozinha da gente, autêntica, que permite acesso a todos, aquela que entendemos e compartilhamos com as pessoas que amamos ou queremos amar”
"Às quartas-feiras, meu pai visitava pacientes na periferia de Paris, reduto de toda sorte de imigrantes, como marroquinos, vietnamitas e argelinos, e levava para casa pratos típicos preparados por eles. Isso quando eu não ia junto às consultas", lembra.
“Eu explico: assim como quando partimos uma torta em pedaços, todos nós fatiamos nossa existência em momentos distintos. São intervalos de tempo que se multiplicam: tempo de trabalho, tempo de família, tempo de lazer, tempo para esporte, enfim, espaços de tempo para tudo. Quis transformar essa realidade múltipla em uma atitude única”, diz Olivier.
Anquier se considera simples, sincero e apaixonado pelo que faz. Cultiva a paixão de compartilhar. Não suporta a ideia de ser artificial, ou um mero ladrão de tempo. É um amante de pão antes de ser padeiro. Apreciador da boa comida antes de ser dono de restaurante. Telespectador antes de ser um homem de televisão. Leitor antes de ser um autor. “Foi assim que criei a primeira padaria francesa em São Paulo em 1993, cujo sucesso e reconhecimento ajudaram a mudar a história do pão no Brasil. Motivado e cheio de curiosidade, fui em busca da essência cultural brasileira no imenso terreno da culinária . Realizei e criei o Diário de Olivier em 1998, o primeiro programa de culinária moderna na TV”, acrescenta.
Olivier não se considera chef e, sim, um cozinheiro que trouxe da França, seu país de origem, segredos da base da culinária francesa aprendidos com os pais e avós. A partir dessa formação, passou a interpretar em sua cozinha, com seu jeito simples, os ingredientes e os momentos que compartilhou durante as viagens.
Não bastava ser o introdutor da padaria de estilo francês no Brasil e à frente do Diário do Olivier, do canal GNT, desde 1999; Olivier Anquier lança seu primeiro livro de receitas, inspirado no período em que explorou de maneira única e apaixonada os pratos da cozinha tradicional brasileira. Diário do Olivier – As receitas da Bocaina nasceu na serra da Bocaina, um lugar paradisíaco no Vale do Rio Paraíba, onde ocozinheiro mantém com sua família uma casa de campo desde 1999. No grande fogão a lenha instalado ao centro da sala, Olivier colocou em prática o fruto das pesquisas culinárias que trazia de suas viagens aos mais diversos rincões do Brasil e também a outros países.
“Com muita honra, alegria e prazer, entrego a você mais este trabalho. Já estava mais que na hora de ‘colocar a mão na massa’ e concluir esta pesquisa de anos, que reúne mais de cem receitas que foram sucesso no canal GNT, quase que desde sua criação. Não foi fácil selecionar e separar as melhores com o cuidado de contemplar quase todas as categorias que a culinária oferece”, afirma Olivier na apresentação do livro, espaço também dedicado a um resumo da sua biografia.
Colocando-se no lugar do leitor, pensando no que gostaria de encontrar no livro e na melhor maneira de utilizá-lo, Olivier selecionou opções versáteis, apresentando acompanhamentos que podem, perfeitamente, se tornar pratos principais. A novidade também está na possibilidade de executar receitas vegetarianas, usando diferentes ingredientes e sabores como alternativas indicadas pelo cozinheiro.
É na Reserva de Bocaina (Vale do Paraiba) que está o precioso fogo a lenha, contruído sob os mesmos conceitos da casa, com o intuito de, segundo Olivier, alcançar a emoção do brasileiro. O fogão a lenha, símbolo cultural e também um meio de restar as suas emoções da infância, “traz uma história em seu formato, dando aos olhos o prazer do caseiro misturado ao histórico.
No lançamento de seu livro, “Diário do Olivier – As receitas da Bocaina”, editora Globo, conversamos ainda mais um pouquinho sobre suas andanças pelas cozinhas do mundo e ele gentilmente nos concedeu esta entrevista. Confira algumas curiosidades do chef!
Universo de Rose – Olivier, você falou um pouco como tudo começou em sua vida para a revista CLAUDIA antes de iniciar uma "expedição" de moto pela América do Sul. Como foi isso?
Olivier Anquier – Sim, minha vida é um turbilhão, estou sempre arquitetando algo novo. No início, já passei alguns anos em um seminário jesuíta, fui vendedor de frutas na charmosa avenida parisiense Champs Elysées, coloquei a mão na massa e reformei apartamentos, limpei mariscos em um restaurante belga, fui como projecionista de cinema e até banquei o DJ no balneário francês Saint-Tropez e em Frankfurt, na Alemanha (risos).
UR – Qual a sua filosofia de vida?
AO – Inicia-se no prazer proporcionado pela degustação. Minha filosofia familiar cuja satisfação é proporcionar prazer às pessoas de que gostamos oferecendo o prato que preparamos. O prazer de ver a expressão feliz nos rostos de nossos convidados, sintoma inconfundível de uma gratidão reconfortante e sincera.
UR – O que mesa posta simboliza pra você? A que sentimento te remete?
OA –A mesa tem um simbolismo muito forte de coletividade e compartilhamento, é um sentimento que proporciona firmeza e equilíbrio. A mesa é a união da família, onde se compartilha e se dialoga. Um território que respeita os valores familiares e exalta os sentimentos básicos da nossa sobrevivência. Uma tradição cultural e biológica que vem se perdendo, infelizmente.Sou uma pessoa muito família e que preza por alguns valores. Acho que isso se deve à educação rígida que tive.
UR – Você já foi modelo internacional. Que lembranças traz dessa época?
OA – Um aprendizado para a vida que me ajudou a me tornar o profissional que sou. Acho que a profissão de modelo é pouco produtiva. Em contrapartida, quando a gente tem um pouco de curiosidade, não perde tempo: observa as coisas. Entendi como transmitir uma ideia, um conceito, toda uma parte relacionada à visão de marketing.
UR – Você ainda tem pinta de modelo (risos). É vaidoso, como se cuida?
AO – Não sou vaidoso. Faço meu programa sem maquiagem, do jeito que estou. Só escovo os dentes, lavo o cabelo e uso desodorante (risos). Para manter o corpo, me alimento muito bem, procuro alimentos saudáveis – sou um pouco guloso (risos), mas com a correria da vida, me exercito bastante o dia inteiro também – corre aqui, corre ali...
UR – Diante de tantos pratos deliciosos, qual é o seu prato preferido?
OA – Bife com batata frita e molho. Adoro também farofa, um prato bem brasileiro.
UR – Em suas viagens pelo mundo, existe um lugar que mais te encanta em termos de gastronomia?
OA – A China foi o lugar do mundo que me ofereceu a culinária mais interessante. A gente só conhece o fast-food chinês aqui e, além disso, ouve falar que eles comem cachorro, sapo, gafanhoto,... A gente ouve essas coisas e tem dificuldade de entender como essa cozinha pode ser uma das mais sofisticadas do mundo. Mas quando você vai para lá, se surpreende. É uma cozinha rápida e que tem uma consciência grande da matéria-prima, da manipulação dos ingredientes, dos temperos.
UR – E do que mais gostou em suas viagens pela América Latina numa das temporadas para o programa que realizou?
OA – Do que mais gostei na América Latina, foi descobrir que temos vizinhos sensacionais, o peruano, o argentino. Conheci a Patagônia no verão, sem neve, e quero voltar sempre. No Peru, conheci vários tipos de batatas, de comer a metros de altitude (risos).
UR – Projetos novos para 2016?
AO – Comecei o ano muito bem. Apresentei a temporada de verão do programa Diário do Olivier, do canal GNT, junto com ele, que foi gravado em Andaluzia, na Espanha. E, em junho, vamos iniciar as gravações da próxima temporada de verão, em várias regiões da França, mas que só vai ao ar em 2017. Além disso, continuo com a peça Vida Útil, de Pablo Diego, que estreou em outubro do ano passado.
O Diário do Olivier é exibido semanalmente no GNT, toda quinta, às 21h.
Imagens: Divulgação / Arquivo Olivier anquier / CarlosCianci