Hoje temos colaboração especial por aqui. Vamos à leitura? Está bem inspiradora.
Sempre choro em casamentos. O ambiente romântico, as músicas, as pessoas bem arrumadas, a mensagem, mas principalmente, os noivos me comovem. Hoje em dia, quando a sociedade está se posicionando contra as uniões legais, quando até o novo código civil dá essa cobertura, além de me emocionar sou tomada por um sentimento de admiração pelo jovem casal.
Meus pais fizeram Bodas de Ouro. Nós, os filhos, procuramos fazer uma cerimônia bem especial, convidando amigos e parentes queridos.
A certeza de que não os teríamos por muito tempo mais ao nosso lado, nos fez desfrutar profundamente daqueles preciosos momentos de celebração. No painel fotográfico montado ao lado do bolo com decoração de folhas de outono, o tempo se revelava implacável. À cada foto os vincos no rosto mostravam o passar dos anos. Porém, mesmo tendo sido fustigados pelo tempo e pelas provações, quando tirávamos o olhar das fotos e o colocávamos no alquebrado casal ali presente, víamos uma fibra inexplicável, uma força transcendental mesmo.
Um ano depois minha mãe partiu para morar com o Senhor e quatro anos mais tarde, meu pai juntou-se a ela. Ter realizado aquela cerimônia que tanto os alegrou, foi uma forma de honrá-los e, de certa forma, ajudou a abrandar a dor da separação.
Meu marido e eu já fizemos Bodas de Prata e, ao longo destes anos, temos visto o capítulo 3 de Eclesiastes aplicado ao nosso cotidiano. Experimentamos que há tempo para tudo debaixo do céu, como tempo de plantar, tempo de colher, o que nos alerta para o fato de que se não plantarmos, não colheremos.
Precisamos ser sábios para identificar a época adequada para cada plantio. Da mesma forma que quem trabalha na lavoura sabe quando é o momento certo para plantar milho, cana de açúcar, feijão... Em certas fases do casamento precisaremos plantar mais diálogo, em outras, mais toques afetivos e haverá outras nas quais deveremos simplesmente dedicar nossa companhia sem qualquer palavra.
Para que um casamento atravesse as fases sem abortá-las é preciso que haja, acima de tudo, a compreensão de suas diferentes etapas. Não há fórmula mágica, não há garantis vitalícia. Há, porém, dois ingredientes básicos que, se combinados podem nos conduzir tanto através das fases de bonança quanto das de intempéries através das diferentes estações: graça e compromisso.
Na alegria e na tristeza, na saúde e na enfermidade, na riqueza e na pobreza... A graça nos ajuda a manter a palavra dada no altar na presença de Deus e diante de familiares e amigos. Caráter e fé associados à graça e compromisso são ingredientes essenciais para manter um relacionamento aquecido.
Que possamos identificar a época de trabalhar na terra, afofando-a, adubando-a, regando-a para que também possamos, no tempo certo, desfrutar da colheita.
* Iara Vasconcellos – É jornalista, produtora editorial e tradutora. Trabalha como editora assistente na Editora Hagnos, em São Paulo e é casada com João Marcos Vasconcellos há mais de 30 anos. Matéria originalmente publicada na Revista Lar Cristão e utilizada com a devida autorização.