O Sistema Cantareira é responsável por mais de 46% do abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), distribuindo água para mais de 7,6 milhões de pessoas. No entanto, este mês, o nível do reservatório encontra-se em estado de alerta, com volume em 30,7% de sua capacidade de armazenamento – patamar inferior ao início da crise hídrica de 2013 que estava em 55%. Para a preservação do manancial é necessário recuperar as áreas florestais no entorno do Cantareira.
Início do plantio em Nazaré Paulista (SP) -- Crédito André Reis Spinelli
O Programa Raízes da União, iniciativa socioambiental da farmacêutica União Química, conta com um investimento total de R$ 30 milhões para o plantio de 1 milhão de árvores nativas nos estados onde estão localizadas as unidades industriais da companhia – São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal e, em parceria com o Instituto IPÊ que no último dia 5 de outubro, em Nazaré Paulista, de manhã, recebeu a imprensa - e assim, jornalistas e fotógrafos deram continuidade ao plantio das 100 mil mudas de árvores nas margens do Cantareira na região paulista. Ao todo, serão plantadas entre 70 e 80 espécies de árvores nativas da mata atlântica.
Segundo o Instituto IPÊ, a manutenção da vegetação, principalmente de árvores e florestas, é essencial para evitar o assoreamento e a compactação do solo, problemas que colocam em risco a capacidade de armazenamento dos reservatórios. "O nosso grande esforço é colaborar para regenerar a Mata Atlântica do Sistema Cantareira. Neste primeiro momento, serão plantadas 100 mil árvores que irão nos ajudar a melhorar a qualidade da água e também a recompor a biodiversidade em uma área estratégica ecologicamente, que abriga espécies ameaçadas e vulneráveis e que também é fonte de vida para milhares de pessoas. Esse é um movimento conjunto, em parceria, porque sabemos da importância da atuação em rede pela conservação da natureza", explica Suzana Machado Pádua, presidente do Instituto IPÊ.
De acordo com Alexandre Uezu, pesquisador do Instituto IPÊ, na primeira quinzena de julho, o Sistema Cantareira já registrava 38% de volume – estado de alerta – inferior, inclusive, ao período pré-crise hídrica em 2013 que contava com 55%. Em setembro deste ano baixou para 21,2%. "Quando observamos o histórico dos últimos 5 anos vemos que temos ficado abaixo da média histórica no volume de chuva. Em 2022, até o julho, ficamos 271 mm abaixo do esperado, o que pode ser considerado também como um sinal de alerta por ser ainda a metade da temporada mais seca do ano", explica.
O projeto começou em março, no fim da temporada de chuvas, quando foram plantadas as 1.000 primeiras mudas, no entorno do reservatório Atibainha, um dos quatro que formam o Sistema Cantareira. A área beneficiada com a ação de restauração foi de 231.200 m², o que equivale a mais de 32 campos de futebol. A partir da segunda quinzena de setembro, por conta da proximidade do início da temporada de chuvas, foi iniciado o plantio em três áreas: uma área no entorno do reservatório do Atibainha; outra que abrange a região de Piracaia e por última uma área em Bragança Paulista, todas próximas ao reservatório Jaguari-Jacareí.
Segundo Paulo Roberto Ferro, engenheiro florestal do Instituto IPÊ, "os plantios na região também irão contribuir com a proteção de cursos d'água e das nascentes e com a maior infiltração da água da chuva no solo, que é liberada aos poucos para a represa. Essas são estratégias para aumentar a segurança hídrica do Sistema", explica. Entre as espécies nativas da Mata Atlântica que serão plantadas estão: aroeira-pimenteira, pau-jacaré, ingá, capinxigui, pau-cigarra, angico-branco, paineira, sangra-d'água, entre ouras.
"O trabalho de restauração florestal vai muito além no plantio das mudas, existe muito estudo, investimento e acompanhamento. O sucesso do programa Raízes da União só estará completo, quando essas mudas estiverem fortes, saudáveis e se perpetuarem para as próximas gerações. Por isso a União Química tem como compromisso mostrar e explicar para a sociedade cada avanço desta iniciativa", explica Silvana Santana, diretora de Marketing Institucional da União Química.
Outro aspecto importante no esforço para a restauração das florestas está na educação voltada a crianças e adolescentes. Nesse sentido, em São Paulo, o Programa Raízes da União também terá como parceiro o Centro de Educação Ambiental de Guarulhos (CEAG), que irá proporcionar formação para professores e para mais de 2 mil alunos da rede pública de Guarulhos, Embu-Guaçu e Pouso Alegre, além de outras localidades do país onde a companhia possui suas unidades industriais. O foco da iniciativa está na conscientização da importância de cuidar do meio ambiente. "Nosso objetivo é criarmos cidadãos ativos, que são coautores na realidade onde estão inseridos. Queremos sensibilizar educadores, crianças e suas famílias para realizarem as melhores escolhas para eles e para o planeta", finaliza a dra. Monica Simons, diretora do CEAG, parceiro da União Química no Programa Raízes da União de Educação Ambiental.
O Sistema Cantareira foi o escolhido para ação pois é o responsável por mais de 46% do abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), distribuindo água para mais de 7,6 milhões de pessoas e tem alcançado patamares negativos que ligam um alerta para toda a população. "Não é apenas a chuva que enche os reservatórios, é preciso que o solo absorva essa água, e nesse sentido as árvores têm papel fundamental, por isso iniciativas como o Raízes da União são cada vez mais necessárias", comenta o Engenheiro Florestal e Coordenador Técnico do Projeto do IPE, Paulo Roberto Ferro.
Além do entorno do reservatório do Atibainha, o programa Raízes da União no Sistema Cantareira atuará em outras duas áreas da região, uma em Piracaia e outra em Bragança Paulista, todas próximas ao reservatório Jaguari-Jacareí.
Início do plantio em Nazaré Paulista (SP) -- Crédito André Reis Spinelli
Início do plantio em Nazaré Paulista (SP) -- Crédito André Reis Spinelli